A pandemia do coronavírus mudou a forma como as empresas e os colaboradores se relacionam, o que impactou drasticamente o bem-estar no trabalho. Ao mesmo tempo que as organizações lutam para sobreviver no novo contexto, os colaboradores apresentam novas preocupações e motivações que devem ser consideradas pelas organizações. Mais do que nunca, é necessário que as lideranças tomem medidas para ajudar as suas equipas a gerir os desafios que enfrentam e a promover o bem-estar geral.

Tradicionalmente, foram as multinacionais as primeiras empresas a preocuparem-se em desenvolver esforços conscientes e orientados para a criação de uma cultura organizacional em prol do desenvolvimento e cuidado das suas pessoas. Em momentos mais recentes, com a inovação e gestão de talentos no setor tecnológico e a ascensão das startups, a cultura empresarial virou-se ainda mais na direção da satisfação do colaborador. Esta constatação leva-nos a dizer que, ao não tomarem medidas proactivas para a construção de uma cultura de respeito e de bem-estar dos colaboradores, as empresas correm sérios riscos de se verem regidas por uma cultura progressivamente tóxica e contraproducente.

Longe de ser um benefício secundário, o ambiente de trabalho que se preocupa com o bem-estar dos colaboradores está intimamente relacionado com o aumento da produtividade da equipa. A explicação é essencialmente simples: as pessoas que trabalham em ambientes saudáveis sentem-se naturalmente mais comprometidas e conseguem identificar-se melhor e mais rapidamente com os objetivos e as estratégias traçados pelas lideranças, confirmando que a sua satisfação pessoal também é importante para a empresa. Além disso, aumenta significativamente a retenção de talentos, podendo desenvolver carreiras a longo prazo e diminuindo a rotatividade de pessoal. Esta redução diminui os custos com demissões, contratações e treinos/formações. Ou seja, uma boa cultura e um bom ambiente de trabalho, não só aumentam a produtividade, mas também ajudam a reduzir os custos de produção.

Enquanto as organizações respondem ao impacto da pandemia da Covid-19, os líderes sentem mais pressão para tomar decisões críticas em vista da manutenção das suas operações. Podem ser forçados a tomar medidas que influenciam os fatores de bem-estar no trabalho, como congelar promoções, reduzir horas e até fazer demissões. É precisamente no momento presente que se torna necessário, em absoluto, adotar uma abordagem englobante em relação aos benefícios oferecidos, favorecendo a empresa e os colaboradores. Esta estratégia gera confiança na liderança e comprometimento por parte da força de trabalho. Num ambiente normal, os colaboradores podem ter dificuldades numa ou duas áreas de bem-estar. Mas a pandemia impactou a força de trabalho em praticamente todos os seus elementos. Vejamos:

  1. Bem-estar social e mental: Capacidade de formar relacionamentos interpessoais satisfatórios com os outros. Condição de bem-estar psicológico e emocional. Estas questões foram bastante impactadas com o isolamento social e a mudança de trabalho para dentro de casa.
  2. Bem-estar na performance, career e financeiro: Inquietações ao nível da motivação das equipas, de lidar com conflitos e assegurar a colaboração de todos, aumento da eficiência do trabalho remoto. Ajustamento à nova realidade empresarial, alteração de competências, novos desafios, diferentes soluções e novos caminhos. Estado da segurança financeira pessoal e familiar. Preocupações com a segurança no emprego, redução de salário e mudanças afetam significativamente esta área do bem-estar no trabalho. O que sabemos é que a melhoria do bem-estar dos colaboradores nestas dimensões leva a uma força de trabalho mais feliz, com maior produtividade, interação e lealdade. Além disso, a satisfação reduz complicações como o stress, burnout e a depressão.

É importante observar que, diferentemente de outros tipos de crise, a pandemia da Covid-19, infelizmente, não é um acontecimento meramente pontual. Mas uma crise que continuaremos a enfrentar no futuro mais ou menos próximo. Por isso, é difícil estimar com precisão que tipos de intervenção serão necessários, a longo ou curto prazo – e tal observação induz-nos a ser prudentes –, mas as empresas mais visionárias tendem a ser inabaláveis na defesa e promoção das suas equipas.

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