Trocámos a velha civilização ocidental do bem-comum pela civilização acidental do lugar-comum.

O lugar-comum, como o nome indica, é um sítio onde se junta muita gente vulgar. É o grande supermercado das ideias enlatadas e das palavras ou frases pasteurizadas e já fatiadas.

Com o intuito de evitar comprar e utilizar tais produtos, perniciosos pela origem suspeita, pela qualidade duvidosa ou por estarem já fora do prazo de validade, estabeleci um pequeno um glossário dos piores lugares-comuns, com a indicação do seu significado objectivo:

  • Alavancar (pôr guito, se possível o dos outros);
  • Alcoolemia (bebedeira, bezana);
  • Alterações-climáticas (pedir dinheiro aos pais para ir fazer surf na Macaronésia);
  • Animais humanos (pessoas com tantos direitos como os gatos);
  • Área-de-conforto (depreciativo para bom-senso);
  • Beicon (toicinho);
  • Bio-degradável (pode-se deitar fora para o passeio ou para a praia, sem precisar de pôr no caixote do lixo);
  • Ceviche (Vichyssoise kitada, de última geração);
  • Condição-feminina (quotas);
  • Degustar (comer mal e pretensiosamente);
  • Discurso de ódio (embirração por quaisquer ideias ou comportamentos aprovados pelo catecismo politicamente correcto);
  • Eco-resort (empreendimento privado que sacou financiamentos do Estado ou da Europa);
  • Empobrecimento do país (leitmotiv para acabar com o Estado Social);
  • Empoderamento (capacitação, em português razoável);
  • Energias-renováveis (fundos europeus e mais taxas para cima do consumidor);
  • Erasmus (substituto fofinho da antiga guerra do Ultramar);
  • Europa (o mítico País da Cocanha, onde tudo cai do céu);
  • Evento (cantina com mais uns enfeites e hospedeiras giras);
  • Experienciar (consumo estúpido destinado a ser exibido no Instagram);
  • Género (genocídio da raça inferior masculina);
  • Gentrificação (pôr janelas de PVC em prédios pombalinos);
  • Ginásio (engates, só para maiores de 45 anos);
  • Globalizar (paraísos fiscais ou operários indonésios ao preço da uva mijona);
  • Imparidades (calotes)
  • Influencer (pessoa disléxica que não acabou o liceu mas tinha jeito para pôr a malta a rir dos professores e agora usa o You Tube).
  • Janela de Oportunidade (tacho, cunha)
  • Jovem/Juventude/Juvenil (etiquetas para amansar, dar graxa ou usar politicamente os adolescentes rebeldes);
  • Lactose (não gostar de leite);
  • Mente-aberta ou o seu antónimo mente-fechada (aqueles que não pensam como nós);
  • Mito-urbano (tanga, no tempo dos nossos avós dizia-se pêta);
  • Muito-á-frente (chico-esperto);
  • Narrativa (lérias)
  • Populismo (a demagogia dos outros partidos);
  • Vegan (não gostar de touradas, prefirir charros);
  • Verde (aceitável apenas no caso do Sporting e relativamente a substâncias etílica);
  • Viajar (fuga da prisão-de-Alcatraz-do dia-a-dia);
  • Sexista (heterossexual, sobretudo se for homem);
  • Sunset (pôr-do-sol quando se está num bar);
  • Sustentabilidade (abolir totalmente os impostos, como defendiam os anarquistas russos do seculo XIX, Bakunine e Kropotkine);

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