Vivemos num mundo em constante mutação e hoje uma das principais preocupações a nível mundial é a redução da pegada de carbono.

Com a intensificação das mudanças climáticas, os cientistas alertam que a humanidade está a ficar sem tempo para limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais e que o ano de 2021 foi um ano difícil para o planeta.

E o que é que a descarbonização tem a ver com o sector do imobiliário? Trata-se de um dos vetores do Roteiro para a Neutralidade Carbónica proposto pelo anterior Governo, em 2019. Uma das linhas de atuação é “promover a descarbonização no setor residencial, privilegiando a reabilitação urbana e o aumento da eficiência energética nos edifícios, fomentando uma progressiva eletrificação do setor e o uso de equipamentos mais eficientes e combater a pobreza energética”.

Segundo o relatório Advancing Net Zero 2021, apesar das metas de redução de carbono, a tendência, no entanto, é de aumento:  acredita-se que mais de metade das emissões totais de de novas construções nos próximos 30 anos serão devido ao carbono incorporado.

Com o aumento da população urbana é expectável um grande crescimento nas próximas décadas deste indicador e neste sentido reduzir as emissões do setor de construção é essencial para enfrentar as alterações climáticas.

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Como podemos ser agentes ativos nesta mudança?

Para ajudar a quantificar o impacto ambiental de cada uma de nossas decisões quando construímos uma casa, existe o conceito de carbono nos materiais. Refere-se às emissões de gases de efeito estufa associadas à fabricação, manutenção e demolição de uma estrutura e é normalmente quantificado em quilogramas de dióxido de carbono equivalente (kg CO2 eq).

Numa edificação, seja habitação, escritórios, logística ou comércio, devemos considerar os efeitos da pegada de carbono em dois momentos: durante o período de construção e durante a utilização ao longo dos anos. Ou seja, não adianta projetar uma casa eficiente se não forem considerados materiais e técnicas na sua construção. A etapa da obra geralmente é quando existe o maior impacto.

Desta forma, um bom projeto e uma gestão eficiente da obra são fundamentais para otimizar o processo. Além de procurar um arquiteto, deve sempre prestar atenção no momento da seleção dos materiais. Cada material de construção (revestimentos, iluminação, estrutura, tijolos, portas, janelas) passa por um processo de fabrico e é importante entender o impacto dessa produção no ciclo de vida do material.

Tente saber a origem e como é fabricado esse material, como é feita a extração, como funciona a reciclagem e qual o destino final após a sua utilização. Dar prioridade aos materiais produzidos localmente também evita a emissão de poluentes no transporte até a obra.

Algumas sugestões de materiais naturais poderão passar por terra, bambu, palha, madeira, areia e linho. Os principais materiais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa são o aço, a cal e o cimento.

Além da escolha dos materiais, existem outras técnicas que abrangem a redução da pegada de carbono numa edificação e que contribuem para reduzir os impactos do edifício durante o seu uso. Passam pela utilização de energia renovável (solar e eólica, por exemplo) e por elementos passivos para conforto térmico, como a ventilação natural. O aproveitamento e tratamento (sempre que possível) de água das chuvas, a utilização de vegetação densa, a redução da irrigação e evitar resíduos de obra e apostar sempre na reciclagem dos mesmos são outras das técnicas que podem contribuir para reduzir a pegada do carbono no sector do imobiliário.