Rochester, cidade no Estado de Minnesota com cerca de 120.000 habitantes, nos Estados Unidos, foi onde nasceu, cresceu e ganhou grande fama a Clínica Mayo, com 34.000 empregados. Alguns portugueses, conhecem a terra por razões menos boas: saúde.

Além de soluções para a saúde, pode-se também encontrar cultura, beleza natural, e bons alojamentos. A Mayo Clinic excede-se em qualidade na sua área. Agora, o mais surpreendente de Rochester acaba por ser uma daquelas situações “à americana” num exemplo de inovação só possível graças ao geist, ao sentido de iniciativa e de risco das gentes daquele país.

Aqui aborda-se uma faceta desse geist, desse espírito, num caso específico que se pode qualificar como único no seu campo, sobretudo se falamos em matéria de comunicação digital em diferentes plataformas, onde a inteligência artificial começa a encontrar uma aplicação prática que, para o caso é surpreendente. E é um uso da AI sem interferência com os conteúdos utilizados.

Tudo se fica sempre a dever a alguém que tem a ideia base, talento de elevado gabarito, um quociente de inteligência muito acima da média e sentido prático da produtividade. Isso para conseguir pôr em marcha recursos humanos e materiais que façam ganhar corpo à “ideia” e obter grande êxito. Nos Estados Unidos, neste momento o primeiro nome que nos ocorre é, se calhar, o do superdotado Elon Musk, com os seus TESLA, o Space X, o X (ex Twitter), etc.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mas não. Aqui fala-se de Robert Barron, alguém que, usando as suas invulgares capacidades intelectuais nas plataformas digitais para comunicar, obtém resultados exponenciais. Mas não é para vender produtos e serviços como Musk, hoje o homem mais rico e, se calhar, o mais influente da terra. É, sim, para divulgar e fazer chegar a milhões um modelo de vida, de atitude, de interacção social e de enriquecimento intangível do indivíduo.

Faz agora um mês em que se iniciou a Jornada Mundial da Juventude. Todos nós nos sentimos incapazes de avaliar devidamente o incomensurável sucesso, e todo o que ele envolveu. Terão sido os milhares de voluntários anónimos? Talvez o Papa Francisco? Talvez a eficácia na comunicação? Talvez os responsáveis da Igreja Católica? Talvez os Presidentes de Câmara de Lisboa e Loures? Talvez Marcelo? Talvez a generosidade dos donativos em dinheiro de milhares? Talvez os recursos financeiros disponibilizados pela área pública? As causas são difíceis de ordenar.

Também é difícil hierarquizar os efeitos. Talvez os portugueses terem descoberto que afinal são capazes de organizar um mega-acontecimento sem que se sofra um imprevisto? Talvez termos conseguido dar uma cor muito mais brilhante de Portugal ao mundo? Talvez termos ajudado a conseguir um estado de genuína felicidade e alegria colectiva a um milhão e meio de pessoas, como nunca até hoje fora conseguida nestas praias? Talvez descobrir uma juventude plena de Esperança, sem gaguejos nem dúvidas? Talvez ter sido o calor do sol a estimular as almas? Ou terá sido o efeito do carisma Papa Francisco? Talvez termos deixado arrumados durante cinco dias os temas fracturantes da sociedade e aprendido a sopesá-las com novos critérios?

E sobre tudo isso, podemos elaborar sem fim.

Mas o que sem interrogantes confirmamos é que a Igreja encontra no Papa, nesta ocasião sendo ele Francisco, o seu grande e incomparável comunicador que, na nossa geração reencontrámos em Bento XVI e em S. João Paulo II, sob modelos diferentes de mensagem, evidentemente.

Mas o que foi possível descobrir entre 2 e 6 de Agosto de 2023 foi um outro Big Bang da comunicação: Robert Barron, Bispo de Rochester, nos Estados Unidos da América. No seu discurso, a fluência, o brilho intelectual, a transparência límpida, a modernidade, a frescura, encontram neste homem um caso e um modelo ímpar na eficácia da comunicação para a evangelização.

A esse perfil do personagem junta-se o que aqui nos traz: a maximização da eficácia das plataformas digitais para obter na comunicação resultados muito abrangentes. Se não repare-se que no YouTube as homilias de Domingo de Barron têm, em média , ao fim do dia, 200.000 visualizações. Um exemplo é a homilia do Domingo passado (com legendas em inglês).

Pela primeira vez com legendas em português, apareceram dois vídeos de Robert Barron no YouTube, supõe-se que justificados pela JMJ. Um deles foi feito na Igreja da Encarnação, no Chiado, em Lisboa, a 3 de Agosto. Aqui vale a pena observar, por um lado, a atitude da multidão de jovens, creio que na maioria norte-americanos e, por outro, notar com atenção a estrutura límpida das palavras de Barron, especialmente na parte em que explicita o seu conceito da palavra Liberdade.

O outro vídeo do YouTube, também com legendas num português perfeito, demonstra não só a eloquência deste herói, como a atração que exerce sobre as multidões. Por exemplo, fica-se assombrado que, num mundo de franceses, em geral com atitude pouco favorável à influência americana na sua cultura, tenham aparecido para ouvir Robert Barron uns 40.000, no dia 4 de Agosto, em Algés.

Este segundo video, legendado no nosso idioma, conta, até ao momento em que se escrevem estas palavras, com cerca de 1.700 visualizações, é um número modesto. Talvez porque a conta no YouTube pode ter sido criada agora com o nome Pilgrims/Peregrinos, aberta para o efeito de publicitar os dois vídeos legendados em português.

O mesmo vídeo, na conta de origem, com legendas em inglês, tem cerca de 100.000. São destaques das várias intervenções de Barron em Lisboa (e Fátima) durante a JMJ. Há duas razões, além do apelativo do comunicador. Em primeiro lugar, são os destaques das várias intervenções em Portugal. Em segundo, a qualidade da produção é excelente, com a belíssima paisagem de Lisboa a ajudar.

Ora, porquê os números colossais do modelo de comunicação utilizado nos EUA, onde alguns vídeos de Robert Barron têm visualizações superiores a 1.000.000? Não é por ele ser um jogador de futebol, ou uma estrela de Holywood. Estamos em crer que, aparte o talento que foi sublinhado acima, pesa muito a decisão em comunicar pelas vias mais eficazes.

E Robert Barron não pára de o fazer em múltiplas plataformas digitais, além do YouTube. Tem estúdios próprios em Rochester, com profissional muito qualificados, e dotado dos hardware e software mais avançados do momento actual para atingir as suas vastas audiências. E, tem recursos financeiros que não devem ser pequenos. Repare-se que os estúdios servem para o seu modelo de comunicação Word on Fire que usa YouTube, Podcasts, Twitter, Linkedin, Facebook, Instagram, Audiolivros, etc.  E no YouTube, se se procurarem debates, vai-se encontrá-los ccom Barron a conversar com Rabis, Ateus, representantes da comunidade LGBT, e muitos outros com perspectivas diferentes das dele.

E fala sobre temas bem complexos, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, eutanásia, aborto, intolerância, etc etc. E aborda a questão da liderança, falando de Abraham Lincoln, Winston Churchill, Martin Luther King, Rainha Isabel II, S. João Paulo II e, evidentemente, Jesus Cristo. Toca no uso da inteligência artificial, muito interessante no caso de uma série de televisão intitulada “Mrs Davis”. Aborda com frequência a cultura do individualismo, e daquilo que é designado como “artes liberais”, pop art, e tratando tu cá tu lá com Sócrates, Platão, sofistas, Karl Marx, Nietzsche, e músicos como Keith Richards, Eric Clapton, Beatles.

Tudo com um único objectivo: evangelizar.

Enfim, numa cultura que parece estar progressivamente alheia à religiosidade (o caso da JMJ, com 1,5 milhões de jovens presentes dia e noite em Lisboa não ajuda a subscrever essa ideia) como é que um Bispo Católico tem esta quantidade de pessoas a seguirem o que diz? Duas razões: talento, e uso criterioso da COMUNICAÇÃO DIGITAL. Os resultados, estão à vista.