A notícia inesperada da morte de Miguel Beleza foi um choque, um momento de profunda tristeza. Era um homem de grande inteligência e de fino humor. Um dos mais brilhantes economistas formados pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras e pelo MIT em Boston. Tinha uma formação analítica superior.
Trabalhou comigo no Gabinete de Estudos do Banco de Portugal. Tinha grande confiança na sua sensibilidade na área da macro-economia. Foi meu colega na Faculdade de Economia da Universidade Nova e na Universidade Católica.
Em 1989, era eu Primeiro-Ministro, convidei-o para Ministro das Finanças. Dirigiu com grande competência os trabalhos de preparação de Portugal para a União Económica e Monetária, os quais foram muito importantes para a definição da posição portuguesa sobre o Tratado de Maastricht. Nomeei-o mais tarde Governador do Banco de Portugal.
Serviu o País com grande competência, ajudando-o a vencer as crises financeiras por que Portugal passou nos anos 70 e 80 e a dar passos decisivos para que acompanhasse o aprofundamento da integração europeia.
Como economista, tinha grande respeito pelo saber de Miguel Beleza. Como pessoa, tinha por ele uma sincera amizade. Custa-me acreditar que tenha partido tão cedo.