Vivo em Søndeborg, no sul da Dinamarca, junto à fronteira com a Alemanha. Para exercer o meu direito de voto tenho de me deslocar a Copenhaga, a capital, o que requer uma ida de comboio que dura quatro horas em cada sentido, perfazendo um total de oito difíceis horas de transportes públicos. Para não falar apenas no tempo, estas viagens têm ainda um custo elevado, mesmo que agendadas com antecedência. No dia 30 de Janeiro teve o custo de 150 euros e a perda de um dia inteiro para assinalar uma cruz no boletim de voto. E não é que, depois do tempo e dinheiro gastos, chegamos ao ponto de falta de organização em que se juntam votos válidos com votos inválidos, fazendo com que se tenha de repetir o processo todo?

Para se ter uma noção, uma viagem para Hamburgo, na Alemanha, é mais rápida e direta do que para a capital, na Dinamarca. Este detalhe, como é óbvio, não é da responsabilidade do governo português, porém, exponho estes dados com um objetivo: não seria inteligente, como forma de reduzir a abstenção nos diferentes círculos eleitorais, criar a possibilidade de escolher onde se exerce o direito de voto? Ou, melhor ainda, não seria mais inteligente e eficaz criar um método de voto tecnológico? Tanta propaganda, durante boa parte de 2021, sobre o PRR e as alocações para a digitalização, para quando então a chegada do boletim de voto ao século XXI?

Será que teremos a participação no círculo da Europa em igual número ou será que, uma vez mais, a classe política miserável deu mais um tiro no pé, de modo a promover a abstenção?

Isto é apenas o relato de uma pessoa, no meio de mais de 150 000 no círculo de Europa, que podem ter experienciado as mesmas coisas.

Dito isto, só resta uma pergunta a fazer: para quando uma alteração à lei eleitoral, com deficiências já apontadas por todos?

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