Desde pequenos que todos sonhamos em ser algo “quando formos grandes” e à medida que crescemos essa vontade vai maturando: do simples desejo de “ser algo”, a querermos ser alguém que possa vir a fazer diferença na vida das outras pessoas.

E é com base nesta reflexão que começo este artigo.

Desde que comecei a trabalhar como ilustrador, e principalmente em projetos para um público infantil, aos quais dedico vastas horas, dia e noite, a esboçar, a refinar e a dar vida às minhas personagens, tenho-me vindo a aperceber de que o tempo de que disponho é precioso, e com o passar dos anos, cada vez mais me faz sentido dedicar a projetos que tenham um significado e propósito relevantes, e que possam fazer mesmo diferença na comunidade.

O livro “O Foguetão dos Sentidos” foi muito mais do que um simples trabalho.

Como ilustrador, foi especialmente motivador conjugar o meu lado criativo com uma responsabilidade adicional: a de criar personagens e ambientes divertidos e visualmente atrativos para os mais novos, em que ao mesmo tempo a chave seria abordar a importância dos cinco sentidos e o desenvolvimento de uma maior empatia para com as crianças que apresentem défices e maiores dificuldades a este nível. Dificuldades essas muitas vezes incompreendidas e mal interpretadas pelos mais novos e lidadas de forma algo condescendente pelos mais velhos.

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Nessa linha, tanto eu como a escritora Thereza Ameal, aceitamos o desafio da ELI (Equipa de Intervenção Precoce da Cáritas de Coruche), de criar uma história que chegasse aos mais novos, de forma divertida e simultaneamente formativa sem o parecer.

A história do livro inspira-se num projeto interativo em que várias crianças podem vivenciar as dificuldades dos seus pares, portadores de défices sensoriais e motores, num conjunto de jogos que desafiam a sua capacidade sensorial. O grande objetivo desta atividade, assim como o do livro – que inclui um guia de atividades para pais e professores e uma música infantil – é ajudar cada criança a compreender a maravilha de cada um dos cinco sentidos, a importância do seu bom funcionamento e estimular os gestos simples de ajuda que podem fazer toda a diferença na vida de alguns dos seus colegas e amigos!

Para a autora, o maior desafio começou por ser como traduzir experiências sensoriais para a palavra escrita, num livro focado em crianças entre os 3-8 anos de idade, que, sem nenhum tom de manual escolar, transmitisse simultaneamente conhecimentos e também valores como a solidariedade e a importância do trabalho em equipa.

O segredo, que lhe permitiu dar asas à imaginação, foi personalizar cada um dos Sentidos transformando-os em cinco personagens: a Pestanas, o Orelhas, o Narigueta, o Bocarra e a Peluça Finuça, que vivem aventuras espetaculares, diria mesmo mirabolantes, através das quais as crianças podem aprender quais são os cinco sentidos, para que servem e a que órgãos estão associados.

Pessoalmente, como ilustrador, foi até hoje dos projetos mais gratificantes nos quais colaborei e que, com base numa enorme liberdade criativa, me permitiu desconstruir, repensar e reaprender a importância dos cinco sentidos e dar-me conta do quão crucial pode ser o nosso serviço e ajuda, a todos os que à nossa volta por vezes precisam de um dos nossos sentidos, para viver o seu dia com menos obstáculos.

Convido-vos a lerem e explorarem esta aventura! O livro está já disponível em livrarias e venda on-line: https://www.leyaonline.com/pt/livros/infantil-e-juvenil/4-6-anos/literatura-infantil/o-foguetao-dos-sentidos/