O que é melhor? Estabilidade na degradação ou instabilidade numa mudança de paradigma?

Em 2022, o PS de António Costa pediu uma maioria absoluta para poder governar com estabilidade e sem ter de ouvir os parceiros da extrema-esquerda para aprovar Orçamentos de Estado ou para governar. O país deu-lhe essa maioria mas apesar disso a instabilidade governativa tem vindo a degradar-se sucessivamente.

O PSD entretanto nunca votou favoravelmente as duas moções de censura já apresentadas nesta legislatura (primeiro pelo Chega e posteriormente pela IL) e recusa-se a apresentar a sua própria moção de censura, mesmo após as fortes críticas de Marcelo Rebelo de Sousa à ação do Governo.

Ainda a lidar com o trauma das legislativas de 2015, o PSD continua a fugir das suas responsabilidades e prefere ficar fora do poder enquanto o PS degrada as instituições em vez de ser uma oposição forte e séria e uma alternativa clara ao partido do governo. Não quer repetir o erro de ter de governar em momentos difíceis e arriscar ser posteriormente prejudicado por isso, não se apercebendo que o PS muito dificilmente perde eleições em momentos fáceis quando pode distribuir benesses.

A ameaça de o Chega conseguir um número de deputados suficiente que inviabilize uma alternativa governativa é também apresentada como um argumento contra retirar o PS do governo. Mas assumindo que o Chega se tornará nesse impedimento e que o PS também preferirá deixar o país ingovernável em vez de deixar o PSD governar caso este ganhe as eleições, é suposto a oposição não-socialista baixar os braços e desistir de lutar por um Portugal melhor?

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Recentemente, a Bélgica chegou a estar mais de 500 dias sem governo, Israel teve 5 eleições legislativas nos últimos 5 anos e o Reino Unido tem tido uma constante troca de primeiros-ministros desde a votação do Brexit. Todos estes países podem ser considerados a nível governamental mais instáveis que o nosso mas também todos eles são mais desenvolvidos e conseguem providenciar às suas populações um melhor nível de vida.

A estabilidade por si só não é nenhuma virtude, estabilidade perfeita apenas há nos cemitérios. Qualquer um de nós que tenha mudado de emprego sabe que por vezes a vida pode apresentar sérios riscos, mas o risco de haver algum período de ingovernabilidade em Portugal é um risco calculado e continuaria a ser menos prejudicial que o risco que se corre em deixar o PS permanecer no poder a degradar as instituições e a empobrecer comparativamente o país.

Para o bem do país, seria urgente que toda a oposição não-socialista começasse a fazer o seu trabalho de oposição, não se resignando com a ingovernabilidade socialista.