Pensa nas 10 competências mais importantes para o mundo do trabalho que agora saíram no future of jobs reports do World Economic Forum (2023). São elas, e por ordem de importância:

1. Pensamento analítico; 2. Pensamento criativo; 3. Resiliência, flexibilidade e agilidade; 4. Motivação e auto-conhecimento; 5. Curiosidade e aprendizagem ao longo da vida; 6. Literacia tecnológica; 7. Fiabilidade e atenção ao detalhe; 8. Empatia e escuta ativa; 9. Liderança e influência social; finalmente, 10. Controlo de qualidade.

Pensa agora nas tendências do trabalho que temos como seguras: 1. Trabalho remoto ou parcialmente remoto e flexível; 2. Automação de tarefas repetitivas e rotineiras; 3. Trabalho baseado em projetos; 4. Aumento da colaboração e do trabalho baseado em equipas; 5. Foco e preocupação com o equilíbrio e saúde mental; 6. Foco na diversidade e na inclusão. E não estou a incluir todas as tendências, mas apenas algumas.

Combina as primeiras com as segundas e terás aspetos tão críticos, e, ao mesmo tempo, tão paradoxais como estes:

  1. Como alavancas pensamento analítico e preparas pessoas em remoto e, adicionalmente, conseguindo integrar vários perfis para materializar a diversidade e a inclusão?
  2. Como consegues pensamento criativo alinhado, convergente, quando integrado em lógicas de projetos e de equipas?
  3. Como consegues resiliência, flexibilidade e agilidade em equipas separadas, em ambientes multiculturais e que, não obstante, terão de ser liderados(as)?
  4. Como te motivas longe de outros e sobretudo como te auto-conheces com cada vez mais baixa interação social?
  5. Como consegues curiosidade e motivação por ti mesmo sendo que a distância ao teu par é cada vez mais complexa se tiveres em consideração o boom do remoto?
  6. Como consegues ter literacia tecnológica suficiente para trabalhares numa equipa dispersa?
  7. Como consegues criar se o ato criador, quando convergente (faz parte do carácter teleológico das empresas, para que haja criação de riqueza), deve ser feito com a participação de vários intervenientes (em presença e de forma espontânea)?
  8. Como consegues liderar remotamente e como consegues, já agora, trabalhar várias pessoas e vários perfis se deixas quase de poder ir beber um café com elas, sem mais?

Estas e outras questões são críticas para o futuro do trabalho.

Estas e outras questões são apenas paradoxos que se levantam da conjugação das necessárias competências do trabalho com as tendências emergentes sobre como se organiza e quais os intérpretes do trabalho.

Pergunta: para onde vamos? Ninguém sabe. Estamos em transição.

Pergunta final: E não é esta conjugação, também, que está a fazer perigar cada vez mais a saúde mental de todos?

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Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

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