Há vários anos que muitos deixaram de comer carne para diminuir as flatulências das vacas e por isso para esses é incompreensível que o planeta e o clima sejam totalmente indiferentes às seitas com credos apocalípticos acerca do ambiente.
Pelos auto-intitulados especialistas em clima, nos últimos 50 ou 60 anos a Terra já teria morrido várias vezes ou, na melhor das hipóteses, estaríamos todos famintos e em guerra pela sobrevivência da espécie humana.
Ao longo de décadas foram já muitas as declarações pomposas de instituições internacionais sobre o aproximar do fim do mundo em consequência do mau comportamento das pessoas em relação à natureza e produziram-se dezenas de livros e quilómetros de páginas de jornais, ora alertando para um perigoso aquecimento global, ora para o regresso à idade do gelo. E, depois, mais sofisticadamente, foram dados gritos de alerta para alterações climáticas irreversíveis em curso, novo conceito aplicável tanto em situações de frio como de calor.
O problema destes enredos é que a realidade insiste em contrariar uma boa história, com a chatice agravada de vivermos num mundo cada vez mais limpo e mais saudável.
No entanto, percebo bem que quem passou anos a fio a dizer que o capitalismo era terrível para uma vida em harmonia com a natureza, não lide maravilhosamente com a circunstância de os países onde a economia de mercado está mais avançada serem aqueles onde, por exemplo, há menor mortalidade infantil, melhor qualidade de vida e maior atenção aos cuidados a ter com o ambiente.
A miopia e vício destes ditos especialistas é concentrar a sua atenção em problemas cada vez de maior detalhe, mas menos significativos para a harmonia de uma vida sustentável. Se dantes esgotos ou descargas poluentes a céu aberto eram a sua prioridade de acção, hoje estão empenhados em substituir os sacos de plástico das padarias por sacos de papel reciclado.
É também característica da religião tremendista da santa Greta ou do salvador Guterres tomar cenários hipotéticos criados por peritos financiados pelos governos nas suas versões mais extremadas e negativas, o que invariavelmente faz destacar apenas os aspectos mais assustadores dessas suposições académicas.
Mas, por exemplo, a subida da temperatura ambiente não tem, necessariamente, de ser um acontecimento indesejado. Há várias regiões do mundo que se tornariam mais férteis e com uma vida menos inóspita com menos frio. E percebemos também que nem tudo é uma tragédia se não esquecermos que o número de pessoas afectadas por ano por inundações de rios é hoje três vezes menor do que era na década de 70 ou 90 do século passado. Actualmente, do mesmo modo, o número de mortes causadas por eventos naturais extremos é significativamente menor, sobretudo devido à melhor e mais eficaz preparação e adaptação das populações a esses fenómenos.
A abordagem dos ambientalistas politizados negligencia de forma grosseira ou mesmo manipuladora a evidência de que o planeta tem vindo a verificar paulatinos, contínuos e positivos progressos no equilíbrio ecológico da vida do homem na natureza, embora, com certeza, nem tudo esteja isento de problemas ou desafios.
Convém também fazer contas e considerar os custos económicos e implicações negativas no modo de vida das pessoas com a implementação das medidas que têm vindo a ser propostas de tentativa de combate às alterações climáticas. O custo dessas acções poderia ser mais gravoso para as populações do que os custos das próprias alterações do clima.
Mas as forças da natureza não têm de ser combatidas. Ao longo de séculos o engenho e inovação dos homens sempre permitiu adaptações bem-sucedidas às condições climatéricas (algumas surpreendentes) e que foram evoluindo no decurso da História.
Porquê a quixotesca ideia de dominar e controlar a natureza e tentar travar toda e qualquer alteração climática? Se a prossecução desse infantil objectivo implica uma mudança radical do nosso modo de vida e uma disrupção completa do modelo de crescimento económico dos países, não é legítimo nem moralmente aceitável empreender experimentações sociais radicais, que atrasariam por gerações a chegada de muitos milhões de pessoas ao nível de padrão de vida material da classe média a que os activistas climáticos pertencem.
Os fins justificariam esses meios? Uma geração vocal, urbana e egoísta parece disposta a esquecer os pobres e a cobrar um custo humano gigantesco às gerações futuras em nome de delírios ideológicos e ostentação da virtude que não tem.
À medida que a qualidade ambiental das nossas sociedades vai melhorando, a sobrevivência dos grupos e movimentos activistas pelo clima está dependente de uma cada vez maior radicalização do seu discurso e de uma fuga para a frente nas respectivas mensagens apocalípticas. Daí que deixem de atender à realidade dos factos e procurem fazer centrar a sua acção na exigência de políticas públicas e legislação com base em modelos matemáticos.
As seitas anti-alterações climáticas vivem e sobrevivem com dogmas de fé em extrapolações estatísticas e têm como liturgia adaptar a realidade à implausível e mirabolante perfeição dos seus modelos econométricos. Mas a sua influência junto dos governos e de quem está em posição de poder é significativa. Exemplo disso é o painel intergovernamental das Nações Unidas que recentemente analisou e preparou um memorando de acção sobre estas matérias.
Como se sabe, colocar políticos a gerir o deserto do Sahara teria, em pouco tempo, como resultado a escassez de areia. Combinar políticos e ambientalistas para desenhar um plano de acções de combate às alterações climáticas, terá como resultado o empobrecimento das populações e colocará a liberdade como uma espécie em vias de extinção.