Os jovens médicos que se formam nas diferentes escolas do País, públicas, maioritariamente, e privada, ao terminarem as suas formações, fazem o Juramento de Hipócrates. E muitas são as frases que este filósofo deixou em torno desta área, da saúde. Destaco duas: “Antes de curar alguém, pergunta-lhe se está disposto a desistir das coisas que o fizeram adoecer” e ainda “Sedare dolorem opus divinum est. (Aliviar a dor é uma obra divina). Sem os medicamentos, as pessoas não teriam tão larga esperança de vida. Sem os medicamentos, e determinadas terapêuticas, os médicos de diferentes especialidades médicas, não conseguiriam aliviar a dor gritante ou o crescimento abismal de doenças como os diferentes tipos de cancro.
Se isto é uma verdade absoluta e, se nós pessoas, devemos imenso às tecnologias, devemos mais ainda a esta entidade que regula e vigia, farmacologicamente, os riscos e os benefícios dessas substâncias na vida (ou morte, se não vigiada) de algumas pessoas.
Os benefícios devem sempre ser superiores aos riscos. A entidade reguladora, autoridade nacional do medicamento, como é o INFARMED, deve assegurar que esses medicamentos e tecnologias entram no mercado e, consequente consumo pelas pessoas, sem que haja risco para a vida das pessoas e doentes.
Fundado em 93, com mais de 30 anos, 17 dos quais liderados (ou co-liderados) por Ivo, muitas foram as medidas e as crises que ultrapassou. Por vezes os que lideraram com a sua vice-presidência, foi devido ao seu enorme conhecimento e reconhecimento (externo) e interno que esses jamais conseguiriam atingir.
É neste contexto que se realiza esta conferência anual, dedicado ao tema Futuro Inovador para Medicamentos e Tecnologias de Saúde: Estratégias Reguladoras, Digitalização e Integração. Muito se falou sobre a inovação, os biomarcadores, as tecnologias, a espera. Mais comunicação em saúde (que inclui a capacitação e a literacia em saúde), e necessidade de programas de intervenção que cheguem às pessoas.
Mas pouco se disse sobre o envelhecimento da população. Com o envelhecimento, é expectável que as necessidades de saúde da população venham a aumentar. Para haver políticas públicas adequadas e as pessoas poderem fazer escolhas acertadas em saúde, é determinante conhecermos os determinantes da saúde e da doença. Por exemplo, temos pessoas a envelhecer, com mais tempo de vida e onde, 7 em cada 10 pessoas, admite não fazer qualquer exercício físico, o que transpira pouco comunicação em saúde e ainda menos investimento em literacia (em saúde). Podem existir inúmeras sociedades, associações, statements etc., e frases feitas, mas a aposta continua centrada na doença – e isso tem um custo – que a indústria apoia, e o sistema de saúde não consegue suportar porque é elevadíssimo, mas a aposta deve ser, como referido por Saraiva Matias (FFMS), na prevenção, na comunicação em saúde pública. Sem prevenção não pode haver mais investimento em tecnologias porque o custo é cada vez maior.
O INFARMED é a ponte sobre o presente (atrasado) e o futuro em evolução com as tecnologias. E responde cientificamente. Adaptando um enorme conhecimento e peritos reputados, na segurança das tecnologias em saúde.
É pedido ao instituto mais do que aquilo que seria talvez o papel mais clássico do regulador. Os As autoridades reguladoras têm na sua missão e âmbito de atuação a responsabilidade de promover o desenvolvimento do conhecimento científico e regulamentar, assim como a obrigação, que é legal, mas também moral, de estarem abertas à sociedade civil. No fundo, ser uma plataforma de diálogo e de partenariado com as partes interessadas. O avanço científico e tecnológico desafia a reinvenção da forma como encaramos o desenvolvimento, a regulação e a avaliação numa era de acelerada e permanente transformação, bem como também o acesso às tecnologias de saúde. Atualidade e literacia em saúde precisa-se bem como de estratégias robustas e também de novas abordagens em saúde.
Esta conferência tem sido um espaço de partilha e discussão de desafios da atualidade como um símbolo do compromisso para com o setor farmacêutico, da saúde das pessoas, para e com a sociedade civil em geral, promovendo a confiança. Sem dúvida uma ponte de ciência, fazendo translação e capacitando, como mobilização, as populações em geral e as mais vulneráveis da sociedade civil. Inclusão. Mobilização. Capacitação. Escolhas acertadas em saúde.
Resumindo, muitos foram os presidentes do INFARMED e alguns não deixam recordação. Santos-Ivo, pela forma disciplinada, metódica, dedicada e cientificamente evoluída tem apostado sem desistir. Falta o novo estatuto, que começou e que esperamos saia. Se os meios são poucos, e os muitos meios fazem a diferença, durante a sua vigência, o INFARMED, na vanguarda das tecnologias de saúde, nunca deixou de servir as pessoas, com segurança e sobretudo, com acesso aos últimos gritos da inovação terapêutica. Existem estudos (vários) de fármaco-economia, mas o acesso, pelas pessoas, doentes críticos, aos medicamentos inovadores, continua a ser uma realidade. Quando comparamos Portugal com países como a Noruega, não ficamos atrás. Obrigada, INFARMED, as pessoas doentes, os mais velhos e os mais novos, com as vacinas seguras, e os que ainda vão nascer, agradecem pelas medidas e a gestão do benefício e risco. Na verdade, não deve existir uma única pessoa neste País, que não tome um medicamento que seja por dia. E devemos essa segurança a autoridade e a quem a gere, servindo o País.