O Kobe Bryant diz no seu livro The Mamba Mentality que não tinha medo de experimentar novos truques durante um jogo de basquetebol porque, mesmo que corresse mal, o mais importante era a lição que levava para o futuro. Esta audácia para arriscar e inovar nas suas jogadas fê-lo ganhar sete prémios MVP (Most Valuable Player) e tornou-o numa lenda da NBA.

Para inovar nas empresas também é necessário ser audaz. Quantas iniciativas adiamos e colocamos na última gaveta devido ao medo de errar? É preocupante, pois demasiada aversão ao risco e receio de falhar na execução de novas iniciativas pode originar, a médio / longo-prazo, a obsolescência de produtos e serviços e, em último caso, à insustentabilidade das empresas. Para evitar esses cenários, é necessário testar, validar e aprimorar ideias. E ter consciência que o erro faz parte da jornada.

Segundo o último relatório Global Entrepreneurship Monitor, Portugal tem evoluído de forma positiva nos últimos anos a sua cultura empreendedora. Esta cultura tem promovido o desenvolvimento da atividade económica do país e contribuído para a criação de empresas mais dinâmicas. Contudo, temos capacidade para fazer mais. Muito mais.

A boa notícia é que não precisamos de “reinventar a roda” para o fazer. Se estivermos atentos percebemos que existem diversas ferramentas de gestão que ajudam a implementar, de forma sistemática, novas ideias e iniciativas. Uma das ferramentas que se destaca é a norma NP 4457:2021 – documento orientador para a criação ou melhoria de Sistemas de Gestão de Inovação. A aplicação desta norma pode funcionar como ponto de partida para adotar um conjunto de boas práticas estruturais, onde podemos destacar cinco:

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  1. Implementação de metodologias Plan-Do-Check-Act, para desenvolver uma filosofia de melhoria contínua;
  2. Análise da envolvente externa considerando os principais fatores económicos, sociais, tecnológicos, legais, políticos e do ambiente, para identificar novas oportunidades de criação de valor para os clientes;
  3. Análise do contexto interno da empresa, nomeadamente os seus recursos e capacidades, para desenvolver uma visão, estratégia e iniciativas que vão servir de estrutura aos processos de gestão da inovação;
  4. Identificar as necessidades dos principais stakeholders e os fatores críticos de sucesso do mercado, para identificar oportunidades de melhoria dos produtos e serviços já disponibilizados e promover o desenvolvimento de novos serviços;
  5. Promoção de uma cultura de inovação ao longo de todos os departamentos da empresa, promovendo uma conjuntura de colaboração entre todos os colaboradores.

É preciso ainda ter ferramentas certas para promover a experimentação e feedback dos clientes de forma célere. Principalmente em setores onde os produtos digitais e a tecnologia representam componentes cada vez mais estratégicas na forma como as organizações conquistam o seu espaço no mercado.

Um bom exemplo dessas ferramentas é o MVP. Não, neste caso não estou a falar do Kobe Bryant, mas sim do Produto Mínimo Viável (Minimum Viable Product). O MVP consiste numa versão inicial e simplificada de um produto ou serviço que conta apenas com as funcionalidades essenciais para responder às necessidades básicas do público-alvo, utilizando o mínimo possível de recursos e investimento. Este conceito permite não só testar e validar ideias antes de investir no desenvolvimento completo do produto como também ajustar a direção o mais cedo possível.

Seja na procura da excelência individual ou na necessidade de inovar os modelos de negócio, os MVP’s ganham figura de destaque. E é possível alcançar o sucesso em ambos os campos. Tenhamos audácia para fazer acontecer pois ferramentas não nos faltam.