Reuni, num único artigo, três temas que, mais do que tendências, são movimentos que temos vindo a acompanhar, que estão cada vez mais interligados e que se espera que tenham grandes avanços nesta próxima década.

Falemos da “Internet para todos”. A internet é inegavelmente uma parte intrínseca e fundamental da vida quotidiana, que assegura grandes benefícios sociais e económicos em todo o mundo. No entanto, cerca de 3,9 mil milhões de pessoas, ou seja, mais de 52 por cento da população do mundo, ainda não estão online. O desafio é gigante, complexo e requer a colaboração dos mais variados setores de atividades e forças no poder. Por um lado, temos a missão humanitária para alguns evangelistas de tecnologia e empresários do setor, mas do outro temos estados liberais, como a União Europeia, a restringir o acesso à web livre e aberta: um problema mais difícil de resolver. Pelas evoluções a que vamos assistindo, será a tecnologia a levar a melhor.

Ora veja: historicamente, o custo de lançamento de naves desde a Era Espacial tem-se mantido muito alto, na faixa dos 100 milhões a 300 milhões de dólares por lançamento. Porém, nos últimos anos, novas empresas introduziram soluções com custo muito mais competitivo graças a recentes inovações, nomeadamente novos materiais e impressão 3D, por exemplo. A Rocket Lab da Nova Zelândia planeia lançar uma nave no espaço por semana já no próximo ano e, se tudo correr bem, os lançamentos poderão passar a ser diários.

Estimam que o preço para colocar um satélite em órbita deve ficar em torno de cinco milhões de dólares, que é 60 vezes menor do que os lançamentos tradicionais, da “antiga” geração. A Virgin Orbit, de Richard Branson, testou este ano o “Cosmic Girl”, um boeing que leva um foguete e faz o seu lançamento a partir da estratosfera. A empresa divulgou que o custo do lançamento será inferior a 10 milhões de dólares. É de sublinhar que cada foguete pode carregar vários nano-satélites que, entre outras funções, conseguem fornecer Internet rápida para o planeta.

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Já a Amazon lançou o projeto Kuiper com objetivo de colocar em órbita uma “constelação” de mais de três mil satélites para fornecer Internet de alta velocidade em todo o planeta. A SpaceX já lançou 60 satélites com o mesmo
objetivo e o plano é chegar a 12 mil satélites nos próximos anos. Além disso, os foguetes da SpaceX funcionam como os serviços de ride-share, que permitem que qualquer empresa pode pôr o seu pequeno satélite de até 150kg
em órbita por menos de 2,25 milhões de dólares.

Em 1972, astronautas da Apollo 11 trouxeram de volta para terra amostras de rochas da cratera lunar Camelot. 13 anos depois, cientistas da Universidade de Wisconsin descobriram que tais amostras eram ricas num elemento raro
chamado Helium-3, um isótopo mais leve que o elemento original (com mais neutrões). O Helium-3 tem o potencial de gerar energia através da técnica de fusão nuclear (a mesma usada nas centrais nucleares atuais) mas com o benefício de não gerar material radioativo, como é o caso do urânio. Os exploradores do espaço, sem dúvida, estão de olho nesta oportunidade, que representaria a geração de energia muito mais barata e biliões de dólares em economia e, talvez, a extinção completa dos combustíveis fósseis.

*Joana Carravilla é country manager Iberia da Elife

Este texto insere-se na série de artigos de opinião denominada “Stranger Topics – Tendências para a década de 2020”, desenvolvida pela Elife – empresa pioneira em inteligência de mercado e gestão de relacionamento nas redes sociais. Cada texto é relativo a uma de oito tendências digitais que a empresa definiu, com base numa perspetiva otimista para a próxima década.