Ao longo do tempo tem sido possível verificar que o Serviço Social tem ganho relevância nas mais diversas áreas de intervenção, não sendo, a área da saúde, uma exceção.
O Serviço de Apoio Domiciliário é uma das várias áreas de intervenção do Serviço Social, possuindo uma ligação com a área da saúde. O Instituto de Segurança Social define o Serviço de Apoio Domiciliário como sendo uma resposta social que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a indivíduos e famílias quando, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou as atividades da vida.
As transformações na dinâmica da população a que temos vindo a assistir ao longo dos últimos anos, levaram ao aparecimento de novas problemáticas que surgiram no tempo e no espaço e que nos colocaram perante uma sociedade mais complexa e, simultaneamente, mais exigente.
A existência de uma tendência cada vez mais acentuada para o crescimento da população idosa e a escassez de recursos e respostas para fazer face às necessidades dos cidadãos, é um dilema que se tem vindo a arrastar ao longo dos últimos anos.
Perante uma sociedade envelhecida torna-se imperioso a formulação de um novo projeto intergeracional, adaptado às novas necessidades de apoio social e proteção emergentes. Num cenário de mudança de paradigmas sociais, pouca intervenção e desvalorização existente da área do envelhecimento e da dificuldade em obter, por parte dos profissionais da área, uma intervenção eficiente e eficaz com os escassos recursos existentes e disponíveis, surge a necessidade de formar profissionais com competências para atuar no terreno e fazer face às necessidades específicas deste público-alvo.
O processo de envelhecimento é vivido de uma forma variável consoante o contexto social de cada indivíduo, por isso, quando falamos em envelhecimento, falamos inevitavelmente de vulnerabilidade e dependência, mas, também, de pessoas com personalidade, valores, crenças, emoções e vontades que têm de ser escutadas e respeitadas e que podem constituir um grande desafio.
A maior parte dos idosos expõem o desejo de serem cuidados na sua habitação, isto porque a casa é o cenário das relações afetivas, espelha um passado e, sobretudo, é um símbolo da dinâmica de vida. A prestação de cuidados aos idosos fragiliza-se, porém, pela cada vez menor, disponibilidade da família para assumir esse papel e porque, os cuidadores habituais (filhos e cônjuges) são, também eles, idosos no momento de cuidar. Como tal, e devido a múltiplos fatores, surge a necessidade de que os cuidados sejam prestados por profissionais especializados, com técnica, saber e capacidade para compreender o envelhecimento.
Os cuidadores formais são profissionais contratados, com caráter remuneratório, para a prestação de cuidados no domicilio ou instituição, tendo que haver uma preparação específica para este papel, estando integrados numa atividade profissional, que incluem atividades inerentes ao conteúdo do exercício laboral, de acordo com competências próprias.
Os ajudantes familiares estão na linha da frente. São ponto essencial da intervenção gerontológica das instituições e, por esse motivo, devem criar com o cliente uma relação empática, de atenção, respeito, cuidado e satisfação das necessidades do mesmo. Como tal, a formação dos colaboradores assume um caráter de extrema importância.
A formação destes profissionais, ainda tão negligencia pelas instituições, é imprescindível para que mesmos atualizem os conhecimentos anteriormente apreendidos, mas, sobretudo, para que desenvolvam novas competências. É essencial uma formação técnica que abranja aspetos não apenas teóricos mas também éticos e humanos. O profissional da área do envelhecimento deve possuir vocação para o trabalho com esta população. O seu perfil deve ser pautado por tolerância, bom senso, capacidade de análise, dedicação ao outro, entre outras qualidades.
Para a instituição as vantagens da formação situam-se numa maior implicação do pessoal, maior coesão, melhor clima organizacional, aumento da responsabilidade pelo trabalho por parte de cada profissional. Desta forma, o seu envolvimento e comprometimento com a profissão tornar-se-á mais sólido e as suas ações serão efetuadas com maior confiança e segurança, a sua capacidade de análise aumentará e, consequentemente, qualidade do serviço prestado. Por outro lado, é também importante fazer referência ao desgaste físico e emocional e até mesmo às situações de burnout a que os cuidadores podem estar sujeitos. Estas possíveis situações podem ser justificadas com o desequilíbrio persistente entre as exigências e os recursos, gerando um comprometimento do nível da qualidade dos cuidados prestados à população idosa.
Em suma, e perante este contexto de intervenção tão complexo e multidesafiante, tem efetivamente de existir uma maior aposta, por parte das instituições, na formação destes profissionais. Esta aposta deve ser encarada como um investimento com retorno positivo, uma vez que o futuro das equipas de cuidadores das instituições deve passar, obrigatoriamente, por um currículo. O investimento na formação e na valorização desta profissão é uma condição para a qualidade do sistema de cuidados aos idosos.