Torna-se impossível suportar o histerismo da direita dita moderada contra a «extrema-direita». Tolerada nas redações e nas academias por condescendência da dona, a esquerda, o compromisso entre a última e aquela «direita moderada» tem sido o detalhe que retirou do governo Donald Trump, nos Estados Unidos da América, e agora a Jair Bolsonaro, no Brasil, com resultados anunciados desastrosos.
A «direita moderada» é, na verdade, a barriga de aluguer do pensamento viciado da esquerda, por isso incapaz de distinguir o essencial (lutar por causas) do acessório (seguir a cenoura agitada pela esquerda). Daí que a «direita moderada» se esgote em abordagens por analogia (confundirmos o nosso pequeno mundo com todo o mundo, a nossa sociedade com todas as outras).
No caso, significa considerar que um perfil político ajustado à Europa Ocidental (por norma, alguém discreto) serve de modelo universal para a América do Norte, América do Sul, África ou qualquer outro território. A esquerda, pelo contrário, nunca se serve ela mesma de tal critério sendo exímia em instigá-lo na direita idiota. A esquerda nunca hesita em proteger todos os do seu campo, de forma manifesta ou latente, incluindo crápulas sanguinários de qualquer canto do planeta.
Foi assim que Donald Trump ou Jair Bolsonaro acabam desprotegidos no seu próprio campo político, mesmo que saibamos que se tratava apenas de estilos eficazes, e nada de substantivo estava em causa nas democracias ou no mundo civilizado. Porém, à esquerda é facílimo agitar a direita idiota com o seu próprio histerismo, convencendo que aqueles líderes são piores do que os sanguinários esquerdistas. O óbvio duplo critério.
Lobotomizada pela esquerda, a «direita moderada» – em Portugal representada pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa – apagou da memória que Jair Bolsonaro, em 2018, foi vítima de um atentado violento: uma faca espetada no ventre por um esquerdista. Seguindo o seu instinto patológico radicalmente narcísico, toda a esquerda, sem exceções, transformou a agressor em vítima e a vítima em «fascista» de «extrema-direita». A «direita moderada» disse Ámen! E compôs-se mais uma peça do retrato dantesco da subversão mental.
Tudo embrulhado num novelo que oscila entre a amoralidade e a imoralidade. A moral humana, a que determina a defesa da dignidade humana, impõe os interditos de nunca julgar quem quer que seja à nascença, nem por antecipação. Vimos esses interditos morais elementares serem quebrados todos os dias, e de forma selvática, nos meios académicos, na comunicação social, nos meios intelectuais e artísticos contra Jair Bolsonaro. Desde o primeiro minuto.
Mais grave. Essa prática é impunemente dirigida contra pessoas e sensibilidades sociais que lideranças como a de Jair Bolsonaro representavam, representam e representarão. A contagem de votos diz que correspondem, pelo menos, a metade do povo de um dos países mais populosos do planeta, o Brasil. Fingimos que não vemos a massificação da humilhação. A toque de caixa da esquerda, e pelo mundo fora, todos os dias quem partilha a identidade de direita é colocado ao nível do dejeto humano. E o que faz a «direita moderada»? Saliva obediente à esquerda.
Um cérebro em estado funcional deve, pelo menos, suspeitar que as atuais gerações sujeitam-se à mais invasiva das ditaduras desde que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso: a Ditadura Mental de Esquerda. Os traços sórdidos da mesma não se resumem aos referidos acima.
Em primeiro lugar, desde sempre as pessoas comuns apenas se apercebem da natureza opressiva dos regimes que as subjugam quando esses regimes caminham para o fim, ou mesmo quando terminam. A Ditadura Mental de Esquerda vai fazendo esse caminho há décadas. Mas há sempre um momento em que a memória humana torna-se célere em reajustar o sentido atribuído ao tempo passado, mesmo que esse passado tenha sido longo e persistido até ontem.
A história não engana. O absolutismo monárquico afirmou-se desde o século XVI, porém apenas no século XVIII e XIX as sociedades europeias reagiram, posto que até aí o fenómeno era tido como natural. O mesmo, e na mesma época, no senso comum ibérico face à inquisição. Tal constante histórica repetiu-se com os regimes totalitários do século XX: os alemães comuns só se aperceberam da natureza genocida do regime nazi na sua real dimensão na fase final do mesmo ou após o fim da segunda guerra mundial (1939-1945), e ainda assim levam grande vantagem comparativamente ao senso comum russo que até hoje não compreendeu a natureza genocida do comunismo, fenómeno anterior e posterior ao nazismo e bem mais assassino.
África não difere. Realizei um longo trabalho de campo em Moçambique a ouvir pessoas comuns. Foi particularmente elucidativo perceber que a natureza opressiva da dominação colonial portuguesa e branca apenas se tornou de senso comum a partir de 1974, como se fosse uma epifania. Nem a guerra iniciada em 1964 transformou grande coisa. Foi significativo registar, nas conversas de senso comum, que só em 1974 o «zunzum da guerra» se metamorfoseou em «luta de libertação nacional» («guerra colonial» na versão portuguesa) e que os «turras» afinal eram a «Frelimo» e o que eles significavam para os moçambicanos. Detalhes que não mudaram factos, mas de repente mudaram o sentido atribuído aos factos.
Exemplos não faltarão. Por que razões a atual Ditadura Mental de Esquerda haveria de ser diferente? É natural que demore a ser compreendida pelo senso comum, ou que paire apenas como névoa difusa. Claro que sempre houve e haverá os que sabem antecipar a natureza opressiva dos regimes, clarificar as suas razões e até combatê-los. Mas entre isso e a massificação social dessa sensibilidade pode ir uma distância.
Em segundo lugar, a natureza específica dos regimes opressivos nunca se repete ao longo da história, reinventa-se sempre com originalidade. A escravatura não se confunde com o poder feudal sobre a terra. Este, sucessivamente, não se confunde com a opressão inquisitorial, com a dominação colonial, com o poder totalitário laico ou totalitário religioso islâmico. Por aí adiante.
A esquerda não destoa. Desde o século XX, gerou o controlo massificado do pensamento social numa dimensão sem precedentes históricos. Nem o cristianismo alcançou tão amplo controlo mental sobre os povos de todos os continentes. Esse é um dos traços da atual Ditadura Mental de Esquerda.
Desde que a história se fez história, as sociedades são reguladas por uma instituição, ou um conjunto muito restrito de instituições, aquelas por onde passam todos os indivíduos de uma mesma identidade social. Essas instituições servem para «fazer a cabeça das pessoas», determinando a socialização dos indivíduos através do sentido que atribuem ao mundo do qual são parte integrante. Objetivamente, trata-se da regulação mental dos indivíduos: o que podem ou não pensar e dizer, quais os interditos que não podem quebrar, sendo que a autocensura e a autopunição são cruciais.
Na Europa, ao longo de séculos o papel coube à igreja cristã, a herdeira da tradição romana e aos movimentos gerados no seu interior, como o luterano, calvinista ou anglicano. Todavia, ocorreu uma renovação profunda na transição do século XIX para o XX, coincidente com a afirmação da esquerda. À medida que a escolarização se massificou, o professor foi substituindo o padre, a escola a igreja. Em meados do século XX, o topo da pirâmide do controlo mental das sociedades atuais ficou definido na universidade, tal como no passado foi a catedral.
Pela primeira vez na história, mergulhámos num controlo mental avassalador no qual até o senso comum deixou de ser produzido de baixo para cima, do povo para as elites, como no passado. Na atualidade, mesmo o senso comum é de génese académica, gerado de cima para baixo, das elites para o povo. Por exemplo, quem quer apaziguar uma doença, pôr em ordem os comportamentos de um filho ou ouvir um simples comentário desportivo já não consulta os mais velhos ou os vizinhos. Liga a rádio, a televisão ou faz uma consulta na internet. O mais provável é estar do outro lado alguém que passou pela universidade a debitar os conselhos mais comezinhos. Ou seja, a influência universidade atravessa-se hoje do senso comum douto ao senso comum vulgar.
Viveríamos em regimes não repressivos ou democráticos se, na atualidade, as instituições que tutelam o nosso pensamento fossem politicamente neutras (o ideal) ou politicamente plurais (o possível). A realidade confronta-nos todos os dias com algo muito diferente. A instituição que controla o pensamento social, o ensino (do básico à universidade), e as respetivas derivas (comunicação social e meios intelectuais e artísticos) estão em uníssono tomadas de assalto pela esquerda. Esse controlo monoideológico chama-se Ditadura Mental de Esquerda.
Entre a intuição e o pragmatismo, Donald Trump ou Jair Bolsonaro não hesitaram em enfrentar o coração do monstro do controlo mental, e a sua coragem teve impacto internacional. O detalhe é terem-no feito «antes de tempo» ou terem «antecipado o tempo», isto é, o senso comum ainda não percebeu com clareza o tipo de opressão ao qual se submete. Ser pioneiro nesse combate implica custos pesados.
Todavia, tal como aconteceu com o absolutismo, inquisição ou totalitarismo é uma questão de tempo até a sanidade mental da espécie humana reconhecer o valor de um e outro, Donald Trump ou Jair Bolsonaro. Claro que um perfeito idiota fechado no casulo mental do tempo imediato pode escandalizar-se com tamanho óbvio. Mas quem tem réstias de lucidez pode e deve homenagear tais lideranças políticas desde já, pois elas impõem dignidade ao rumo da história.
Jair Bolsonaro revela ainda a particularidade de enfrentar, com lucidez e coragem raras, o desnorte mental de um dos maiores países do hemisfério sul por ter sido violentamente subjugado pela Ditadura Mental de Esquerda, o Brasil. A história também demonstra que o mundo se transforma política, social e culturalmente não tanto pelo que acontece nos centros, antes pelo que ocorre nas periferias. Depois do exemplo dos Estados Unidos da América desde o século XVIII quando a Europa dominava o mundo, no início do século XX, foi a desgraça revolucionária comunista iniciada na Rússia que mudou o mundo. Um século depois, uma outra periferia, agora o Brasil, está a recolocar a nossa espécie nos eixos da sanidade mental e civilizacional para os próximos séculos, graças a Jair Bolsonaro, sem esquecer a semente intelectual lançada décadas antes por Olavo de Carvalho.
Presidente Jair Bolsonaro: não se admire com a explosão mundial de idiotas agregados à aberração lulista. Muito obrigado por tudo o que fez e fará pela sanidade mental da espécie humana libertando-a da Ditadura Mental de Esquerda!