No dia 8 de Junho, o exército israelita libertou quatro reféns do grupo de 251 pessoas raptadas do território de Israel pelos terroristas do Hamas, a 7 de Outubro do ano findo.

Esta operação militar, pela inexcedível competência com que foi idealizada pelos serviços de inteligência do Estado de Israel, sem qualquer dúvida os mais bem preparados do mundo, e pela eficácia e sangue-frio das forças especiais do seu exército que a realizaram, merece figurar nos manuais militares como exemplo das melhores práticas a serem seguidas em situações de assalto para libertação de reféns mantidos em cativeiro por terroristas sanguinários e com instruções directas dos seus líderes militares e espirituais para os matarem, sem a mínima hesitação, ao mais ligeiro sinal duma eventual tentativa de libertação.

Note-se que os quatro reféns se encontravam presos e incontactáveis num campo de refugiados na Faixa de Gaza, disseminados entre milhares e milhares de palestinianos e guardados, à vista, por hordas de terroristas armados até aos dentes, que haviam recebido ordem explícita para, ao menor sinal de perigo, não hesitarem um segundo a descarregar sobre os refugiados as suas armas automáticas, na convicção de que apenas matariam quatro dos vários milhões de inimigos a exterminar. O desígnio do Hamas é a eliminação do ‘estado de Israel’, mas, ainda assim, não deixaria de haver razões de sobra para dar graças a Alá, porque, ao fim e ao cabo, a eliminação de quatro sionistas era melhor do que nada.

Avalio o quão difícil e complexa deverá ter sido a tarefa dos serviços secretos, com a operação a necessitar de ser avaliada com toda minúcia e ao milímetro para descobrir, naquela pequena e sobrelotada nesga de terra com a maior taxa de população por metro quadrado do mundo, o mesmo que procurar agulha em palheiro, o sítio exacto onde os reféns se encontravam, em que condições, o número de forças e o tipo de armas dos guerrilheiros do Hamas que os vigiavam, e depois disso, a responsabilidade das chefias militares de desenhar o plano de assalto, tão difícil quanto arriscado, os meios em número de homens e de material necessários ao bom resultado da operação, a estratégia e a táctica adequadas à sua execução, tendo sempre em linha de conta, como é de fácil entendimento, a primordial importância dada ao facto de que da arriscada operação militar resultasse o menor número possível de mortos civis, nomeadamente de crianças, que, como é sabido, o Hamas sempre tendencialmente amplia, englobando, para fins de propaganda política, jovens até aos dezoito anos, de ambos os sexos, nos números estatísticos de crianças mortas pelas tropas israelitas.

Nessa melindrosa operação militar, preparada ao longo de várias semanas e executada com êxito total no terreno pela força de elite Taman, sob fogo cerrado dos terroristas do Hamas, terá havido 274 mortos, sendo a grande maioria desse número de terroristas, haverá porventura a lamentar também a morte de alguns palestinianos civis, com quem cobardemente o Hamas se mistura para deles se servir como escudos humanos, e, provavelmente, também um ou outro soldado israelita.

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Os quatro reféns libertados, todos jovens, três raparigas e um rapaz, raptados num festival de música pelos terroristas do Hamas no dia sete de Outubro, encontravam-se em duas pequenas casas isoladas numa zona residencial densamente povoada no centro da Faixa de Gaza, as três raparigas numa delas, e o rapaz na outra próxima.

“Estamos aqui para vos salvar”, as palavras tranquilizadoras proferidas pelas forças de elite israelitas aos quatro jovens reféns no momento do resgate, que mal podiam acreditar no que lhes estava a acontecer ao cabo de vários meses de um terrível cativeiro, onde estavam permanentemente expostos ao perigo e aos vexames dos raptores, com a vida ameaçada e em sério risco, e nunca sabendo se chegariam vivos ao dia seguinte.

Incrédulos, os quatro jovens, Almog Ixhan de 21 anos, Andrey Kozlov de 27, Shlomi Ziv de 40 e Noa Argaman de 25, deverão ter-se sentido, ante a presença dos seus libertadores do penoso cativeiro, a quem beijaram as mãos, como se, de repente, se lhes tivesse sido aberta a porta de um espaço iluminado no Céu, o que deverá ter sido algo de extremamente surpreendente para quem esteve, durante tanto tempo, às portas daquele tétrico inferno.

Estive na guerra de Angola e sei bem avaliar a eficácia militar das forças especiais, a sua robusta preparação física e mental, o seu poder de fogo, autênticas máquinas de guerra, os melhores dos melhores com uma arma nas mãos. Sejam elas comandos, paraquedistas ou fuzileiros, operação militar em que tivessem de intervir, fosse ela de que natureza fosse, havia a certeza de que jamais virariam a cara à luta, romperiam obstáculos e as linhas inimigas com coragem e bravura insuperáveis até que o objectivo final proposto fosse definitivamente alcançado. Visto de um outro ângulo, mais igualmente temível máquina de guerra, eram Os Flechas, a tropa secreta da PIDE/DGS na guerra de Angola, recrutados entre algumas etnias locais e dissidentes dos movimentos de guerrilha, com a intenção de melhorar a capacidade de recolha de informações estratégicas, operacionais e táticas e desenvolver acções encobertas e clandestinas além-fronteiras.

A libertação do grupo de reféns às mãos dos terroristas do Hamas foi festejada em Israel e, sobretudo, pelas suas famílias. Devia ser obrigação da ONU felicitar também Israel pelo resgate de pessoas inocentes sequestradas por criminosos com mãos sujas de sangue, mas não o fez. Porquê? Porque a ONU se encontra, incompreensivelmente, comprometida com o Hamas e o antissemitismo. A ONU, desde a primeira hora, tem vindo a permitir que os terroristas escondam os reféns em campos de refugiados e em instalações pertencentes e dirigidos pela própria ONU e inteiramente controlados pelo Hamas.

A ONU permite que os terroristas do Hamas se passeiem armados livremente por esses campos e instalações e neles escondam toda a espécie de armas, misturando-se com os civis com quem se confundem, passando assim despercebidos e totalmente incólumes, e, absolutamente condenável, usando refugiados e doentes dos hospitais como escudos humanos. O secretário-geral da ONU deveria urgentemente rever o seu comportamento político em relação à guerra Israel-Hamas, deveria deixar de hostilizar um país democrático e de ser ‘amigo’ de terroristas impiedosos.

Ainda me lembro de ouvir da boca de uma das reféns da primeira leva de libertados: “Os palestinianos da Faixa de Gaza são todos, e frisou, mas todos, ‘Hamas’”, dizia ela à comunicação social, cheia de amargura e de muita raiva.