A longevidade é um tópico de negócios que tanto abrange um ponto de vista macroeconómico, tendo impacto nos países e nas cidades, como microeconómico, ao nível das empresas. Por exemplo, em termos macroeconómicos, as populações envelhecidas e a natalidade fraca afetam a mão de obra disponível. No entanto, o crescimento da esperança média de vida saudável permite que as pessoas trabalhem mais anos. Atualmente, a tendência demonstra que a esperança média de vida saudável continuará a aumentar na medida em que a esperança média de vida cresce. Na Europa, em termos demográficos, a força laboral está a diminuir, o que vai resultar numa desaceleração da riqueza. Porém, uma aposta no emprego de trabalhadores com mais de 50 e 60 anos poderá mudar isso.
A questão da longevidade também impacta as cidades que vão necessitar de se tornar habitáveis para todas as fases da vida. Hoje, a maioria dos investimentos em longevidade concentra-se na área da medicina, mas que representa apenas uma pequena parte dos fatores que influenciam a saúde. As cidades têm um papel crucial em termos de infraestruturas e de cultura na promoção da saúde e no bem-estar a longo prazo.
Ao nível corporativo, há ainda poucas empresas que se dirigem e beneficiam do segmento dos consumidores com mais de 50 anos. Este segmento tem um poder económico considerável, já que detém uma parte significativa da riqueza mundial. Nos EUA, estima-se que os consumidores com mais de 50 anos irão gastar quase 13 triliões de dólares até 2030. Atualmente, metade das decisões de compra são feitas por consumidores acima dos 50 anos, mas só 5% das despesas de marketing estão centradas neste segmento. Nesse sentido, as empresas que melhor souberem aproximar-se deste grupo terão acesso a um mercado considerável. Seria importante ver adultos mais velhos representados nos meios de comunicação social e na publicidade!
Contudo, para conseguir alcançar este mercado, é essencial percebê-lo melhor. Denotam-se mudanças comportamentais por parte dos consumidores mais velhos em comparação aos seus antecessores, mas, mais do que isso, é importante reconhecer que a perceção individual da idade difere frequentemente da idade cronológica. Para além disso, é crucial segmentar o mercado dos consumidores 50+ de maneira de forma mais granular, visto que diferentes grupos etários dentro deste segmento terão necessidades e preocupações diferentes. As indústrias dos seguros e da saúde têm ofertas para segmentos 50+ e são, sem dúvida, indústrias emblemáticas da longevidade.
Da mesma forma, a questão da longevidade impacta as empresas ao nível da gestão do talento. A perspetiva macroeconómica permite antecipar a redução da força laboral nos próximos anos. Qual pode ser a resposta das empresas? Uma opção é criar vidas laborais mais longas e aumentar a participação feminina. Tanto no primeiro caso como no segundo, tal implica repensar a atual maneira de trabalhar, introduzindo mais flexibilidade. As empresas, em particular, terão de estabelecer não só novas formas de progressão na carreira, mas também de preparar os seus trabalhadores para a reforma, com o objetivo de apoiar os profissionais mais velhos e aumentar a longevidade organizacional.
No geral, a longevidade é uma tendência significativa, mas ainda com muito pouca visibilidade. A Católica Lisbon lançou em junho o primeiro programa de Longevity Leadership do mundo com especialistas nas áreas da economia, das cidades e do ramo empresarial ao nível do mercado e da gestão de talentos, para ajudar os líderes do futuro a preparar-se para as mudanças que aí vêm! Face às tendências contemporâneas, a forma como visualizamos a longevidade das pessoas no presente irá moldar a longevidade dos negócios. Preparem-se!