Desde 2019 que, dia após dia, a relação que se estabeleceu, outrora bem definida, entre governantes e governados tem vindo a mudar um pouco por todo o mundo, quer na saúde, quer na liberdade, quer no emprego, quer na economia ou ainda na relação connosco e com os outros. Há uma cada vez maior necessidade de olhar com suspeição para as supostas medidas e recomendações dos governos. Veja-se o exemplo de Emmanuel Macron em França, com a tentativa de segregação ideológico-discursiva entre vacinados e não vacinados e a categorização destes como cidadãos de primeira e de segunda, de Justin Trudeau no Canadá, com a sua suspensão e congelamento das contas dos canadianos de forma déspota e até mesquinha como resposta ao auxílio e apoio destes aos truck convoys, ou ainda a tensa relação do governo para com os cidadãos da Nova Zelândia e Austrália, assim como os inúmeros campos de quarentena criados para, contrariamente à vontade deles, alojar inúmeros cidadãos por tempo indeterminado, ou, mais recentemente ainda, num outro regime e (l)atitude, o decretar de recolher obrigatório e os lockdowns forçados de milhões de cidadãos de Xangai que viram os seus direitos mais básicos co(a)rtados, levando-os em desespero e agonia a gritar por auxílio dentro das suas casas numa sinistra imagética.
Estes são alguns dos absurdos exemplos que nos adentram pelas nossas casas através dos vários ecrãs, imagens a que muitos de nós assistimos incrédulos e com uma impotência avassaladora, mas que atuam no nosso âmago mais profundo e nos fazem perceber que algo não está conforme, impedindo-nos ao mesmo tempo de estar atentos e despertos para que esta realidade não ganhe forma nas nossas regiões.
Ora embora os governos, para se desculpabilizarem, digam que todas as medidas draconianas a que assistimos não são mais do que preocupações legítimas em torno do bem comum da generalidade da população, o certo é que tudo isto reflete uma quantidade anómala de bandeiras vermelhas que não podem deixar de ser questionadas e contestadas, dado que ao longo dos últimos dois anos se tem visto uma excessiva e recorrente insistência e, diria até, tendência em esmagar o cidadão através da culpa, vergonha, repúdio e interdição.
Mesmo quando toda esta panóplia de restrições e pressões psicológicas não resulta em conflito e censura, poderemos perguntar se isto não é apenas um prelúdio do que já se assistiu no passado e que todos deveriámos fazer por evitar.