Os Partidos Políticos são um património das democracias, constituem-se com a finalidade de conseguir que os eleitores lhes atribuam a responsabilidade de exercer o poder assumindo a prática dos seus programas, que submetem ao eleitorado e atuam ao nível do País, da Região, do Município ou da Freguesia.

Os partidos políticos procuram o mais possível chegar aos cidadãos, transportando a sua mensagem e demonstrando a sua prática e a sua perspetiva de defesa do interesse coletivo.

Os partidos políticos agregam pessoas que partilham os mesmos princípios e ideais e se conjugam e organizam da melhor forma que entendem para atingir o seu objetivo, “conquistar o poder”.

Os aderentes a qualquer partido obrigam-se a respeitar os seus estatutos, que refletem a sua organização e os seus valores, e inscrevem-se como militantes, agrupando-se de forma a darem corpo às suas finalidades.

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Em Portugal há mais de uma dezena de partidos, cada um com a sua identidade e forma de constituição, e alguns com representantes em todos os órgãos de poder, desde o Governo à Assembleia da República, regiões, Municípios e Freguesias.

Há partidos com várias centenas de milhares de militantes, que se obrigam a pagar quotas para manterem a sua militância e participar nos órgãos internos, desde os núcleos e secções ao nível das Freguesias, até às Distritais e aos órgãos nacionais.

Nesta cadeia de poderes de cada partido existem eleições para os vários órgãos que obrigam e justificam avultados meios humanos e materiais, atendendo aos milhares de militantes e à sua dispersão geográfica, de acordo com o tipo de eleição.

Por princípio, cada militante que participa nas atividades internas do seu partido, procura ou ser eleito para qualquer dos seus órgãos, ou conseguir que sejam aqueles que considera mais aptos e capazes de serem eleitos no escalão a que se propõem.

Os militantes identificam-se com as ideias e acreditam nas capacidades dos candidatos que apoiam, pelo que é seu dever ter o máximo de informação de cada um.

Os militantes devem participar igualmente nas campanhas externas dos candidatos do seu partido, procurando que tenham o melhor resultado e possam ser eleitos para os diferentes cargos a que concorrem.

Concluindo, os militantes movem-se por causas em que acreditam e procuram ajudar os seus dirigentes a atingir os lugares a que se candidatam.

São muitos milhares de jovens adultos, adultos, mulheres e homens, com disposição para intervir na sociedade por causas que entendem comuns e, na sua perspetiva, as melhores para os seus concidadãos.

Temos, portanto, verdadeiros exércitos desejosos de intervir na sociedade e com o objectivo do seu benefício, acreditando que as suas ideias e comportamentos são as que melhor se adequam para a sua freguesia, concelho região ou país.

Por outro lado, as populações estão sujeitas a maiores pressões e dificuldades, umas permanentes, outras específicas, provocadas por fatores excecionais.

Falamos dos pobres, doentes, necessitados de toda a ordem, que precisam de ajuda ou apoio para as suas necessidades mínimas que por qualquer razão não têm da parte dos poderes públicos ou das instituições que a tal se dedicam, ou mesmo da própria família.

Indivíduos com necessidades, desde alimentares, utensílios básicos e de acompanhamento de apoio psicológico e social, e ainda que os ajudem a realizar tarefas que, pela idade, doença ou situação mental, têm dificuldade em realizar, como acompanhamento a consultas, apoio no domicílio, ajuda no preenchimento de documentos ligados a deveres fiscais e outros.

Falamos igualmente de todos que, por qualquer catástrofe ou desastre natural estão episodicamente com urgência de apoio, devido a cheias, tempestades, deslizamento de terras, terramotos, fugas a conflitos e guerras, epidemias ou outros e se encontram em estado de necessidade ou vulnerabilidade.

Porque não canalizar essa enorme força e capacidade de milhares de militantes que demonstraram querer ter uma forma de participação na sociedade, encaminhando-os para organizações de apoio social permanente ou temporário, mobilizando-os através das estruturas partidárias?

Estes militantes seriam voluntários distribuídos por todo o território, organizados até ao nível de freguesia, constituindo assim uma malha apertada de voluntariado, preparada para ocorrer a qualquer situação de urgência ou necessidade.

Mas estarão interessadas as cúpulas partidárias, aos vários níveis da sua hierarquia, para encaminhar os seus militantes para ações de natureza social?

Seria possível criarem formas de formação em várias áreas de voluntariado?

Seria possível dar a esses voluntários a independência necessária para se libertarem das pressões de natureza política interna, ligadas aos conflitos e interesses de grupos de militantes informalmente constituídos, principalmente interessados nos seus votos em eleições do próprio partido?

Se não estiverem totalmente independentes na sua atividade de voluntariado podem sempre ser alvos de contestação pela fação ou grupo adversário.

A ação de voluntariado não pode ter nada a ver com a atividade política e é sempre dirigida aos que dela necessitam, só assim se poderá granjear a confiança daqueles que solicitam ajuda ou apoio, sem descriminações de qualquer espécie.

Uma das formas, talvez a mais simples, seria encaminhá-los para instituições de voluntariado já existentes ou encaminhá-los para eventos de grande mobilização de pessoas, como atividades de especial envergadura, desde animação cultural artística, desportiva ou religiosa, como as próximas Jornadas Mundiais da Juventude, “Web Summit” ou campeonatos internacionais em modalidades desportivas de grande mobilização de massas adeptas, transferindo a sua coordenação para essas entidades que nada têm com a relação político-partidária.

Outra igualmente será criar a sua própria ONG e inscrevê-la de acordo com a legislação aplicável, sem qualquer tipo de obediência ou orientação política.

Quando se fala em independência partidária não é que se tenha alguma aversão de princípio à mesma, até porque nos estaremos a dirigir aos seus militantes, mas sim à forma de ultrapassar os partidos e as fações dentro deles.

Uma percentagem de cerca 95% dos militantes dos principais partidos só participam em termos de atividade política nas seguintes situações: nas suas eleições internas, em ações de campanhas eleitorais e quando são chamados a votar.

Quem se inscreve num partido e paga quotas, à partida é porque deseja contribuir para ser útil política e socialmente, demos-lhe então uma oportunidade efetiva de canalizarem essa vontade para ações de voluntariado.

É essa a ideia força da criação dos “Voluntários por Lisboa”.

Esta iniciativa partiu de uma realidade objetiva que conhecemos muito bem em Lisboa, a atividade do Partido Social Democrata e o seu funcionamento desde a sua fundação, que foi alterando a forma de participação dos seus militantes nas suas estruturas internas.

Há cerca de quarenta anos as secções do PSD de Lisboa eram centros de debate político aberto, onde uma grande percentagem dos militantes debatia os problemas da cidade, da região e problemas nacionais.

Os dirigentes de topo eram chamados, ou tomavam a iniciativa, para darem justificação dos seus atos e informações sobre as suas intenções políticas. Os responsáveis por essas estruturas partidárias tinham mesmo um calendário de ações e iniciativas que davam a conhecer a todos os seus militantes.

Com o tempo toda essa atividade foi diminuindo, por razões diversas, e os militantes foram cada vez menos solicitados, até ao que é a realidade de hoje: “votar nas eleições internas do partido” estimulados pelos vários candidatos, através de campanhas que utilizam inúmeros meios de comunicação e estabelecem sindicatos de voto, ligados a vários tipos de fidelidade, de lealdade, interesse ou repulsa.

Isto tem transformado as relações entre militantes de formas muitas vezes pouco sadias.

Mas será que os companheiros social democratas em Lisboa desejam mesmo ser companheiros e canalizar os seus esforços para um bem comum, de forma totalmente desinteressada?

Daquilo que conheço, sim, é só dar-lhes uma boa razão e uma oportunidade.

Pois vamos a isso, constituamos os Voluntários por Lisboa.

Um grupo de 30 a 40 militantes que se organize na base da sua ligação às respetivas freguesias de forma a que se encontrem representantes das 24 freguesias de Lisboa.

Numa primeira fase, escolham áreas de atuação que desejem englobar de forma a se especializarem, criando know how próprio.

Este grupo, com o apoio inicial da Concelhia e da Distrital de Lisboa, constitua uma ONG para o voluntariado, inscrevendo-o oficialmente e cumprindo as suas regras.

Com estes dados e tendo este objetivo genérico pode iniciar contactos com todas as entidades suscetíveis de se agregarem no seu apoio: juntas de freguesia, Câmara Municipal, entidades e institutos públicos da área social, grandes grupos de distribuição, supermercados, eletricidade, combustíveis, também bancos e órgãos da comunicação social.

Com este levantamento, a ONG “Voluntários por Lisboa” com o apoio de alguns, já poderá ter vida própria e autónoma, e dedicar-se ao seu fim através de ações próprias ou associando-se a entidades já existentes.

É este o desafio que lanço ao meu partido onde milito desde maio de 1974. Será possível?

Venham daí.