Portugal está condenado a ser um país eternamente adiado?
Sejamos virtuosos! Tenhamos a ambição de ter neste país um dos países mais prósperos e desenvolvidos do mundo.
Em Ser Conservador dizia Roger Sucruton que: “ o sentimento de que as coisas virtuosas são facilmente destruídas, mas não facilmente criadas. Isto é especialmente verdadeiro para as coisas virtuosas que nos chegam como bens colectivos: paz, liberdade, lei, civilidade, espirito público, a segurança da propriedade e da vida em família, tudo aquilo que dependemos da cooperação, não tendo meios de o obter sozinho. A respeito de tais coisas, o trabalho de destruição é rápido, fácil e entusiasmante: o trabalho de criação, lento, laborioso e monótono. É uma das lições do século XX. É também uma razão pela qual os conservadores sofrem de tamanha desvantagem junto da opinião pública. A sua posição é verdadeira mas enfadonha; a dos seus opositores excitante mas falsa.”
Esta visão de Scruton enquadra-se na perfeição enquaanto balanço dos 45 anos da Democracia Portuguesa. Sendo certo que a corrupção tem sido transversal nos partidos ditos do arco do poder a verdade é que, pelo menos nos últimos 25 anos, o Partido Socialista tem sido o partido com mais anos de governação em Portugal. E ai, parafraseando Rui Ramos: O PS governou este país nos últimos vinte e cinco anos, fazendo férias apenas quando faltou dinheiro.
Desde a sua génese que o Partido Socialista advoga para si, como se fosse dono dessa matriz ideológica, o combate à pobreza e à exclusão social. A instituição do Serviço Nacional de Saúde e o acesso ao ensino gratuito foram sem dúvida ganhos para Portugal e para os portugueses. Mas desde então não houve uma linha orientadora que efetivasse um combate sério às desigualdades sociais e à pobreza. 45 anos volvidos após a implantação da Democracia Portugal tem mais de 2 milhões de pobres e o combate à pobreza volta a ser o cuore business do PS em plena campanha eleitoral. Que andaram a fazer nos últimos 25 anos? Vieira da Silva, com a pasta da Segurança Social há décadas é um dos rostos do fracasso socialista no combate á pobreza e às desigualdades sociais neste país.
A pobreza não se combate apenas dando dinheiro aos mais necessitados. Combate-se também com a criação de mais emprego, alicerçado num sistema de ensino de qualidade que capacite os cidadãos não apenas com as competências para a inserção num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, mas também, que os mova num exercício de cidadania aglutinador e mobilizador para o bem comum.
Olhando para os últimos 25 anos em Portugal verificamos que esta dicotomia de destruição/criação referenciado por Scruton tem sido evidente, adiando ad eternum a afirmação de Portugal enquanto país próspero e desenvolvido para todos, de forma sustentável. Do pântano de Guterres à Bancarrota de Sócrates é inegável a persistência do Partido Socialista em não ter um projeto politico que promova em definitivo Portugal na Europa e no mundo, como um dos países mais prósperos. E mais cedo ou mais tarde voltaremos a pagar por esta falta de visão a médio-longo quando se prefere navegar à vista, utilizando o Estado e os seus recursos como meio de se servir e não para servir a causa maior, o bem-estar social de todos.
Portugal dispõe de uma série de condições para se tornar num dos países mais prósperos e desenvolvidos do mundo. Goza dessa prerrogativa de estar inserido na região mais próspera e segura do mundo, de viver em paz social, num Estado de Direito Democrático, de estar inserido numa economia de mercado, dispor de uma história impar no mundo e uma diversidade cultural e gastronómica que poucos países usufruem, para além de uma fonte de recursos humanos com provas dadas nas diversas áreas do empresarial, desportivo, cientifico, cultural, etc.
Esta é a consciência coletiva que todos os portugueses deveriam considerar atendendo ao facto de vivermos num mundo cada vez mais global e competitivo, onde não podemos considerar a paz social como dado adquirido. É preciso plantar hoje para colher amanhã. E o tempo não joga a nosso favor.
Sejamos francos. O facto de António Costa chegar ao final da campanha com o PSD a morder os calcanhares apenas demonstra duas coisas. Em primeiro que não teve de facto uma governação de mérito que se traduzisse na melhoria da qualidade de vida dos portugueses e do país. Em segundo, não menos importante, pelo facto de não ter tido oposição capaz, pelo menos, nos últimos meses.
Após 4 anos do trabalho virtuoso do anterior governo, em condições difíceis, com medidas impopulares, tendo sido possível reconduzir o país aos mercados, recuperar a confiança nos credores, crescer economicamente com aposta nas exportações, valorizando empresas portuguesas, naquilo que foi um trabalho de criação lento, laborioso e monótono com base em medidas impopulares que tinha de ser tomadas. Foram tempos excecionais. Pouca ou nenhuma folga havia para governar com normalidade. Ou isso, ou a situação de penúria que durante anos esteve a Grécia vetada.
Resolvido o problema, e com o país novamente a crescer (até à data muito pouco se cresceu acima de 2015) e inconformados com a vitória da coligação do anterior governo – importante realçar o reconhecimento de parte do eleitorado sobre o mérito do governo de Passos Coelho, eis que os partidos de esquerda, com maioria parlamentar (numa situação inédita) formam governo.
A verdade é que 4 anos volvidos o país está pior. A promessa do Partido Socialista, em melhorar a qualidade do serviço público, em comum com os seus parceiros desta atual solução alternativa de governo, falhou. Do Serviço Nacional de Saúde, à prestação do serviço público nas mais diversas áreas, a qualidade tem sido péssima levando muitos portugueses ao desespero em diversos balcões do serviço público de norte a sul do país nos últimos anos. E aqui não deixa de ser interessante verificar que mesmo em tempos de vacas magras houve um maior investimento público por parte de Passos Coelho do que António Costa em tempo de vacas gordas e voadoras. Por outro lado não deixa de ser interessante verificar que as principais paixões do socialismo (como o Serviço Nacional de Saúde, Educação e Cultura) foram as que piores tratadas foram durante esta legislatura. Isto aponta para uma outra dimensão negativa dos últimos 4 anos.
Quatro anos volvidos poucas foram as instituições do Estado que ficaram maculadas ao olhar dos Portugueses. Foi como se esta solução de governo tivesse como propósito a sua própria destruição. Da Proteção Civil em Pedrógão e Borba, passando pela Defesa em Tancos ou a Administração Interna com a notória perda de condições de trabalho dos agentes de segurança.
O Estado apenas serviu o Partido Socialista, seus boys e girls, pondo em causa a sua função de servir os portugueses. Foi assim em Pedrogão quando toda uma estrutura da Proteccão Civil foi alterada a poucos meses da época dos fogos, foi assim em Tancos com a envolvência das mais altas hierarquias do Exército, sob a posisvel conveniência de um Ministro.
O Partido Socialista usa e abusa do discurso do combate à pobreza e exclusão social apenas com o intuito de capturar os aparelhos do Estado e servir os seus próprios interesses. Este é o resultado dos últimos 4 anos.
Quantas gerações mais terão de ser sacrificadas sob o pretexto do combate à pobreza e desigualdades, servindo este apenas para aceder ao aparelho do Estado e servir outros interesses que não os interesses da nação?
4 anos perdidos. Não a mais 4 anos de Geringonça. Não serve os interesses de Portugal e dos Portugueses
Não deixes adiar mais o bem do teu país. Sendo também importante referir que a alternativa à geringonça não pode cometer os mesmo erros que António Costa e o Partido Socialista. E nesse campo, as alternativas não têm cativado os eleitores.
Parece-me também necessário a importância de novas lideranças e visões sobre o futuro do país. São diversas as ameaças a médio-longo prazo com os quais os países ocidentais serão inevitavelmente confrontados. Do Inverno Demográfico à Sustentabilidade do Estado Social, passando pela real ameaça da afirmação do mundo islâmico na Europa.
Este é o tempo de colocar Portugal no rumo certo.
Porque ontem já era tarde.