Tenho 19 anos, fui fustigada por diversas más governações socialistas, sou social-democrata convicta, mas não suspiro pelo regresso do PPD. Não podemos querer ganhar a confiança dos portugueses com a mesma estratégia que teve sucesso no passado. Os tempos mudaram e precisamos de novos tempos.

Em 2022 não podemos não falar de alguns temas, não podemos deixar que a esquerda se aproprie de temas e torne-os bandeiras deles, porque não há temas de esquerda ou de direita, há sim formas diferentes para chegar ao mesmo fim. A igualdade de género não pode ser um tema de esquerda, a cultura não pode ser vista como uma bandeira da esquerda, o trabalho digno e as alterações climáticas também não e tal como estes temas tantos outros.

Não quero suspirar pelos cantos pelo regresso do PPD, porque suspirar pelo regresso do PPD é suspirar pelo passado e o grande desafio que temos é de reinventar, reinventar o partido e unir. Não podemos esperar pelo regresso de grandes nomes do PSD à política, temos de dar oportunidade aos mais jovens, temos de demonstrar que estamos a inovar e não ficamos parados no tempo à espera de que os portugueses se sintam tão prejudicados pelo PS que nos chamem a governar. O PSD tem de ser governo não por ser o menos mau, mas sim por ser o melhor. Que atire a primeira pedra quem nunca ouviu alguém dizer que não estava a votar no melhor partido para governar, mas sim no menos mau.

Para isso o PSD tem de seguir quatro linhas:

  1. Unir. É necessário unir, mas não uma falsa união, é necessário encontrar uma forma de acolher todas as correntes ideológicas que o PSD comporta. Para isso vai ser preciso fazer cedências e encontrar pontes, vai ser preciso haver diálogo e, claro, uma verdadeira vontade de todas as partes envolvidas. Não podemos continuar a desmembrar o partido e continuarmos a ver outros partidos surgirem e roubarem-nos eleitorado. Temos uma escolha muito importante, ou nos unimos todos ou continuamos a fragilizar o partido e, por consequência, deixamos o povo português à mercê do seu destino. Mais importante que definir uma ideologia para o PSD é definir um rumo para Portugal.
  2. Causas.o necessárias causas para o partido, não podemos pedir um PSD combativo e apenas fazer oposição. Para termos um PSD combativo precisamos de ter as causas por que lutamos bem definidas e sem tabus ideológicos, como disse anteriormente. Não há causas de esquerda e direita, o PSD tem de lutar pelo povo e pelo seu futuro. Precisamos de fazer uma oposição séria e credível, não podemos fazer oposição apenas apontando defeitos, temos de fazer oposição apontando o que está mal, mas também apresentando soluções claras e objetivas. Por último, temos de apresentar os nossos melhores quadros e também temos de dar oportunidades para os nossos militantes demonstrarem as suas capacidades. O partido não pode ser dos importantes, o partido tem de ser dos militantes.
  3. Abrir o partido. É necessário abrir o partido à sociedade civil e chamar para junto de nós as melhores pessoas de cada terra. Precisamos do conhecimento de todos para melhorar a vida dos portugueses, precisamos de quem está no terreno todos os dias para nos ajudar a saber o que é melhor. Temos de ter um partido que seja recetivo, em que as pessoas sintam vontade de se filiar e que não sejam atiradas para guerrilhas internas. Temos de ter estabilidade e construir uma grande família laranja em que, apesar de todas as divergências, lutemos pelo melhor para o nosso país. As diferenças ideológicas nunca podem estar primeiro do que o bem da nação.
  4. Paridade. Há muitas pessoas que detestam esta palavra porque dizem que acaba com o mérito e que não é necessária, mas temos de ser sinceros, se não houvesse a lei da paridade o número de mulheres na política seria ainda mais reduzido do que é hoje em dia. Não é que as mulheres não queiram participar ativamente na política, o problema é que para nós é mais complicado ascender e gostaria de saber dizer o porquê, mas todos os porquês que me vêm à cabeça resume-se a sermos mulheres. Não podem dizer que não há mulheres disponíveis para participar ativamente na política quando temos grandes mulheres militantes do partido e da sociedade civil que não são aproveitadas.Não podemos dizer que ser mulher ou homem na política é indiferente quando toda a gente sabe que as mulheres e os homens têm diferentes formas de encarar o mundo, mas raramente se dá voz a uma mulher para ela falar sobre os problemas segundo a sua ótica, não podemos afirmar que as mulheres não querem participar ativamente na política quando nunca há oportunidades para as mulheres ocuparem cargos. Já existe a lei da paridade, agora temos de aplicar a lei da paridade no PSD, porque as mulheres não podem estar sub-representadas em nenhum órgão do partido.

Sinceramente, não quero suspirar pelo passado, as vitórias que tivemos foram boas, mas com estratégias do passado não se ganha o futuro e eu quero que o PSD ganhe o futuro. Portanto, não quero o PPD de volta, quero um PSD reinventado. 

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