Não é um problema de alguns, mas um desafio para todos. Apesar de termos conseguido reduzir – de forma contínua e consistente – o número de pessoas em risco de pobreza ou de exclusão social, continuamos a ter razões para nos preocupar.

Fruto de medidas e de políticas sociais dirigidas às franjas mais vulneráveis da sociedade, os números da pobreza em Portugal caíram para mínimos históricos desde que há registos do Eurostat. Temos hoje menos 89 mil pobres do que tínhamos há quatro anos. E isso é um progresso, mas não chega. É preciso mais.

Uma em cada cinco pessoas continuam em situação de pobreza ou de exclusão social. Poderão o abono de família, o complemento solidário para idosos, ou o rendimento social de inserção – entre outras prestações sociais – erradicar a pobreza?

Pela resposta imediata a carências urgentes, estes apoios são primordiais e fazem toda a diferença na vida das pessoas e das famílias, mas por si só não conseguem reduzir os enormes desequilíbrios sociais que caracterizam o nosso país. Funcionam como pensos rápidos numa ferida que precisa de ser suturada; resolvem a coisa no imediato, mas não dispensam uma ida ao hospital para um tratamento mais cuidado e mais profundo.

O combate à pobreza não vai lá com paliativos, exige uma visão global e integrada das políticas públicas, da educação, da habitação e da saúde, bem como um Estado social mais resiliente, mais forte e mais eficaz na proteção e na inclusão dos mais fracos e dos mais vulneráveis. Um Estado mais solidário para com os mais velhos e para com os mais novos pois, no caso particular das crianças e dos jovens, o nível de pobreza continua a ser superior ao da população em geral, com uma agravante – “pode demorar até cinco gerações para que as crianças pertencentes a uma família que esteja na base da distribuição de rendimentos consigam um salário médio”, segundo a OCDE. Ou seja, o local e o meio socioeconómico onde nascemos continua inevitavelmente a ditar a nossa sentença. Até quando?

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