A governança e a participação jovem são domínios intemporais, assentes na certeza de que envolver a atual jovem geração e as vindouras na construção de uma sociedade mais inclusiva, igual e justa é uma garantia do nosso futuro coletivo. A valorização do poder inovador e da criatividade da juventude para a resolução dos problemas de sempre e daqueles que ainda estão por vir, é próprio de comunidades vanguardistas, melhor preparadas para os desafios da era moderna e de um mundo mais igual e justo.
A audácia de muitos jovens, que na nossa história protagonizaram momentos revolucionários e disruptivos, leva-nos a questionar veementemente o juízo de valor, mais vezes repetido ao longo dos tempos, de que os jovens de antigamente participavam mais do que a atual geração. Este pensamento, do qual a iniciativa jovem é recorrentemente alvo, estou convicto que advém das diferentes formas de estar, comunicar e ver o mundo de uma geração para outra, na certeza de que esta geração é diferente daquela que lhe antecedeu e da que lhe irá suceder. Com a pujante evolução digital, inata à juventude, essas mudanças e fossos geracionais acentuar-se-ão nas próximas gerações com mais velocidade e intensidade. Se as mudanças no antigamente eram mais ténues e lentas, no agora as transformações são repentinas perante um ímpeto inovador que ganhou um novo fôlego nos últimos tempos. Assim, face aos metamorfismos, os jovens são as esponjas que exploram e absorvem tudo, adaptando-se à velocidade da luz, enquanto que as gerações que vivem há mais tempo são-lhes mais resistentes em virtude de uma estabilidade e tranquilidade pela qual se bateram por conseguir.
Estas diferenças geracionais são a riqueza de uma sociedade que é mais pujante quando todas e todos participam numa simbiose perfeita. É nesta senda que a juventude tem vindo a reclamar por um compromisso entre gerações, assente na solidariedade, na responsabilidade e na justiça, com vista ao crescimento harmonioso das nossas comunidades, sem hipotecar o futuro dos mais jovens ou daqueles que ainda estão por vir. A capacidade de as gerações comunicarem e valorizarem as ideias mais disruptivas da juventude e as propostas mais ponderadas das gerações mais antigas, determinarão o desenvolvimento de políticas e medidas sustentáveis e saudáveis. O apelo ao esforço intergeracional mais visível na atualidade é o da emergência climática, no qual os jovens exigem às demais gerações, atualmente com um maior poder de decisão, medidas rápidas e ágeis, apesar de já tardias, para mitigar os efeitos inegáveis das alterações climáticas nos ecossistemas.
No agora, os jovens voltam a emergir num dos maiores problemas sistémicos da humanidade, o desperdício alimentar de alguns e a luta contra a fome de muitos. Enquanto os países desenvolvidos desperdiçam toneladas de bens alimentares e promovem uma exploração intensiva dos sistemas de produção, os países em vias de desenvolvimento lutam contra a fome e a escassez de alimentos. Assim, no Dia Internacional da Juventude, que se celebra todos os anos a 12 de agosto, o compromisso da minha geração é com uma alimentação saudável, sustentável e justa. É o momento para desassossegarmos a sociedade e repensarmos e orientarmos os nossos hábitos, em virtude de escolhas alimentares mais saudáveis, sustentáveis e com uma baixa pegada ecológica.
O desassossego da juventude é o elixir da vida eterna da humanidade. Nos jovens recai a esperança numa sociedade mais solidária, plural, ecológica e progressista, sem racismo, desigualdades de género e de oportunidades, pobreza social e de espírito, violência, perda de direitos e crimes ambientais. É por isso que nos afirmamos e manifestamos, por uma autodeterminação que nos permita realizar o nosso projeto de vida, sem ter de pedir autorização a ninguém para ser felizes. A inquietude da juventude, que atualiza e escandaliza os que vivem há mais tempo, é a prova da determinação de uma geração que está na linha da frente por um mundo melhor.