Vivemos em “Tempos de Vésperas”. Tempos de guerra e de transição para uma realidade ainda por descobrir e reconhecer e, por isso, são muitos os desafios internos e externos que nos impelem para o regresso aos preceitos humanistas e cristãos. O regresso ao que o Senhor Professor Adriano Moreira designava por “eixo da roda”: os valores que devem permanecer imutáveis no Homem e nos Estados durante o desenvolvimento pessoal e a procura diligente do bem comum.

Na obra de 1971, “Tempos de Vésperas – A agonia do regime”, o Senhor Professor afirmou que “há valores, ideias, concepções, que florescem mais fortes depois da provação. Mesmo que seja a provação do deserto. A Família, a Pátria, são apenas exemplos. Nunca morrem. Como que ficam fora do tempo, à espera do seu tempo. Um dia reencontram-se com um homem, um grupo, um povo, e reentram na acção e na história visíveis. Daqui a necessidade do diálogo de cada homem com a sua circunstância, para distinguir o acidental do perene. Procurar a graça de entender quais são os valores permanentes que é chamado a servir e que são o eixo, na família, na amizade, na profissão, na cidadania. Encontrar esse eixo e identificar-se com ele. Saber que este nascer quotidiano de novas eras verbais, é como a paisagem variável que uma roda em movimento vai atravessando. É bom olhar com interesse para a paisagem. Mas fazendo como o eixo da roda, que acompanha a roda mas não anda.” pp. 16-17, 3ª ed., 1986.

O legado do Senhor Professor Adriano Moreira inspirou e continuará a inspirar todos os homens e mulheres de boa vontade. Da esquerda à direita; nas universidades, no meio militar e na sociedade civil. Em todas as sedes se encontrará razões para continuar o seu exemplo. Mas são os democratas cristãos que devem sentir uma responsabilidade acrescida para renovar, também em honra da sua memória, a esperança na Doutrina Social da Igreja e o seu reforço no espaço político português.

Que a partida do Senhor Professor Adriano Moreira motive a leitura da sua magnífica obra e consiga sempre inspirar as novas gerações. Da minha parte, que fui sua aluna e através do seu honroso convite iniciei a minha carreira académica há mais de 20 anos, ficará o compromisso de continuar a citar a sua incomparável obra e a assinalar a sua enorme coerência. Obrigada e até sempre, Senhor Professor!

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