Portugal com quase nove séculos de história é símbolo do heroísmo, tenacidade e bravura do povo português que conquistou a sua independência na região mais ocidental da Península ibérica. Conhecer quem fomos é saber quem somos, e torna ainda mais seguro o amor à nossa pátria “à beira-mar plantada”.
Nas duas últimas décadas tenho assistido com muita inquietação ao rumo que o país leva. Portugal não cria riqueza, não tem empresas nem um tecido empresarial robusto e com capacidade de investimento, vivendo-se numa estagnação que parece eterna, com um povo resignado e que muitas vezes parece derrotado. Como cidadão português patriota e orgulhoso do meu país, considero que Portugal tem um grande potencial para ser melhor, oferecendo sólidas perspetivas de crescimento económico, o que tem de se consubstanciar numa significativa melhoria das condições de vida dos portugueses. Assim, para de forma mais clara ilustrar o retrato de uma nação heroica no passado e que tem tudo para ser heroica no futuro apresentarei sucintamente alguns dados que não são animadores. Nesta conformidade, analisando os indicadores concluímos que Portugal tem a terceira maior dívida pública da União Europeia, tendo registado um valor de 130,5% do PIB no terceiro trimestre de 2021, no PIB per capita Portugal foi ultrapassado por quatro economias de leste em 20 anos, tem uma fraca competitividade, produtividade e taxa de poupança. Na educação, Portugal é o terceiro país da União Europeia mais iletrado nas novas tecnologias, é o oitavo país da União Europeia com menos jovens a frequentar o ensino superior e se considerarmos toda a população portuguesa é o país menos educado da Europa. A tendência demográfica é preocupante, uma vez que Portugal é o segundo país da União Europeia com mais idosos face ao número de jovens (há mais 60% de idosos do que jovens), o que ameaça a sustentabilidade social e económica do país no futuro. De tudo isto retiramos que Portugal é um país estagnado e adiado há 20 anos e citando Os Maias de Eça de Queirós “Os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. A única ocupação mesmo dos ministérios era esta – cobrar o imposto e fazer o empréstimo. E assim se havia de continuar…”.
Concluindo, Portugal face a esta difícil situação em que se encontra precisa de uma alternativa galvanizadora e mobilizadora que devolva a esperança ao povo português e faça uma mudança de políticas que se traduza numa melhoria substancial em termos económicos, sociais, culturais e políticos do desempenho do país. Neste sentido, fazendo das palavras de Adolfo Mesquita Nunes as minhas “Os dados que temos do Eurostat e da OCDE são preocupantes, temos um problema de competitividade e crescimento e continuamos a ser ultrapassados por economias de leste. É preciso fazer reformas!”. Termino com dois versos do poema Infante de Fernando Pessoa “Cumpriu-se o mar e o Império se desfez/Senhor falta cumprir-se Portugal!”.