Tem-se lido e ouvido muita verborreia dos diferentes quadrantes políticos nos últimos dias. O principal motivo talvez seja a inveja que sentem por a Iniciativa Liberal ter-se feito brilhantemente representar no parlamento açoriano por José Luís Parreira, um jovem engenheiro aeroespacial de 23 anos com mais visão política do que a grande generalidade dos seus colegas parlamentares.

Este jovem liberal cometeu o erro capital de identificar na ALRAA que a Estónia obteve resultados muito positivos pela aplicação de políticas liberais nos últimos 20 anos, contrariamente ao que se verifica na Região Autónoma dos Açores, e em Portugal, com 50 anos de políticas socialistas.

Por incrível que pareça, ao invés de realizarem uma consulta na internet e estudarem maneiras para a obtenção de resultados similares nos Açores, os nossos adversários políticos optaram por tentar ridicularizar as suas palavras, quer no parlamento, quer em artigos de opinião que se vislumbram nos OCS regionais.

Pois bem, dado o ócio ao qual a larga maioria dos nossos políticos nos vetou, apresentamos uma breve comparação dos resultados macroeconómicos e sociais obtidos pelos dois países nos últimos 20 anos. Infelizmente não existe uma maneira fácil de comparar a Estónia com a RAA, razão pela qual serão utilizados os dados nacionais.

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A Estónia, pequeno país que saiu da URSS em 1991 e que conta com cerca de ⅙ da população portuguesa, conseguiu o milagre de em 2000 contar com cerca de 33% do PIB per capita  que se registava em Portugal, para em 2021 se encontrar 12% à sua frente. Com uma economia que sempre primou pelo equilíbrio e que desde 2009 se encontra em terreno positivo na sua Balança Comercial, a Estónia sempre apresentou melhores resultados do que Portugal, país que apenas conseguiu equilibrar a sua balança após a chegada da Troika imposta pela bancarrota socialista.

Convém ainda comparar a dívida pública de ambos os países. Portugal, apesar de ter vindo a aumentar a sua dívida em valor absoluto, tem conseguido reduzir o seu peso relativo ao PIB, contando atualmente com uns “brilhantes” 113,8% do seu PIB. A esta redução não está isenta a maior carga fiscal de sempre, à boleia da inflação que se tem registado no último ano. Já a Estónia, apesar de partilhar fronteira com a Rússia e de ter protegido a sua economia como poucos fizeram durante o COVID, encontra-se agora com o valor mais elevado dos últimos 20 anos, correspondente a uns inacreditáveis 18,7% do PIB.

É certo que um país não se resume a indicadores macroeconómicos estatais, mas desenganem-se os pequenos apparatchiks que vieram a terreiro maltratar o jovem deputado liberal. Este país báltico que viveu durante 70 anos atrás da cortina de ferro comunista, também tem excelentes resultados nos restantes indicadores económicos e de investimento privado, como atestam os índices anticorrupção com um resultado melhor em 20% quando comparado com Portugal, os índices de liberdade fiscal (+10%), o índice de liberdade de investimento (+20%), o número de horas para a preparação dos impostos estatais (-80%) e o índice de inovação (+7%).

Já a nível social, a Estónia volta a dar meças a Portugal, conseguindo várias proezas, como ter parado em 2007 a espiral de decréscimo de população jovem, estando atualmente em curva ascendente e já contando com 16,5% da sua população com menos de 14 anos. Portugal, com as suas políticas supostamente socialistas, continua nessa espiral decrescente e já conta com menos de 13,5% da sua população nesta faixa etária. Entre outras proezas da Estónia, podemos referir que entre 2000 e 2021 conseguiu reduzir de 16,9% para 1,3% a percentagem de população que vive com menos 5,5USD/dia. Nesta maratona, ultrapassou Portugal em 2011, sendo que nós ainda contamos com 2,6% da população abaixo dessa linha de pobreza. A nível de desigualdade salarial, o top 10% de ordenados do país Báltico recebe o equivalente a 23,5% da totalidade dos salários, enquanto em Portugal esse top recebe 26,9%. A nível escolar, a Estónia investe anualmente 14,35% do seu PIB (10,15% em Portugal) e 99,87% da população é literada (Portugal 96,78%).

Mais números poderiam ser apresentados, mas penso que já deu para que todos ficássemos com uma visão do milagre que esta pequena nação do Báltico conseguiu em pouco mais de 20 anos de políticas liberais e de fundos europeus. Seria bom que os políticos portugueses e açorianos olhassem para a realidade de outros países e tirassem as devidas ilações, replicando o que é bom e aprendendo com os erros dos outros, ao invés de usarem argumentos falaciosos e ataques de índole pessoal como desculpa para manter o imobilismo e marasmo, que procura garantir o poleiro e dar voz àqueles que nesse meio parasitam!

(Dados disponíveis em www.theglobaleconomy.com)