O Inverno está à porta, mas, em Portugal, há muitas famílias que não conseguem manter as suas casas aquecidas, devido à baixa eficiência energética das suas habitações. Contudo, uma gestão eficiente do consumo energético pode ser uma ajuda preciosa para quando o frio começa a chegar.

Os dados da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2022-2050 indicaram que entre 1 milhão e 2 milhões de portugueses vivem em situação moderada de pobreza energética e cerca de 700.000 numa situação severa. É, por isso, imperativo falar em poupança energética, que, na prática, se traduz no ato de consumir eletricidade de forma mais consciente e racional, evitando gastá-la desnecessariamente para que o foco possa ser o aquecimento da casa.

De acordo com o Inquérito ao Consumidor de Energia no Setor Doméstico, do Instituto Nacional de Estatística (INE), a iluminação representa, em média, cerca de 14% do consumo global de energia numa habitação. Há pequenas coisas que podemos alterar para contribuir para uma pegada ecológica e, por sua vez, reduzir gastos. Em casa, a poupança energética pode ser feita em três níveis: ao nível da iluminação, climatização e/ou eletrodomésticos.

O ideal é optar por iluminação eficiente, como são o caso das lâmpadas LED, mas também rever os hábitos de consumo, como desligar a luz quando já não se encontra nessa divisão, não ter tantas luzes acesas simultaneamente, utilizar sensores de movimento ou presença e aproveitar, ao máximo, a luz natural.

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Já na climatização, para potenciar a estabilidade da temperatura, é importante apostar em janelas eficientes, evitar aquecer espaços da casa que não estão a ser utilizados, calafetar portas e investir no isolamento das paredes e coberturas.

No que toca aos aparelhos elétricos, deve-se optar por equipamentos com classe energética A; aproveitar o sol e o vento para secar a roupa sempre que possível evitando as secadoras elétricas; usar as máquinas da roupa, da loiça e de secar com carga máxima; desligar na tomada os equipamentos em que isso for possível, para que não fiquem em stand-by a consumir energia; se possível, usar placas de indução, já que a poupança pode chegar até 80% de energia.

Mas é importante pensar para além das ações diárias e ter uma visão de médio/longo-prazo, considerando, por exemplo, o impacto que determinadas obras (o isolamento térmico de paredes e coberturas, por exemplo) pode ter nos consumos de energia. A esse nível é interessante olhar para os resultados do estudo “Obras em Casa”, que realizámos com a Spirituc, que nos dizem que 66,5% dos inquiridos demonstram ter preocupação e interesse nas questões referentes à sustentabilidade ambiental. Contudo, apenas 29,9% referiram a melhoria da classe energética da casa como uma motivação para as obras – um valor que desce ainda mais, para os 7,6%, quando falamos de preocupações ambientais.  É importante que esses números subam e que as obras em casa deixem de ser vistas meramente como intervenções estéticas.

É de salientar também que, quando falamos em eficiência energética, não falamos apenas de questões ambientais, mas de algo que deve ser visto como uma estratégia para uma maior sustentabilidade económica. Ao poupar energia, conseguimos poupar o ambiente, mas também a carteira.  E, com os aumentos dos preços referentes à energia, qualquer poupança é de valorizar. Quanto à sustentabilidade, falamos de uma luta maior em que todos devemos desempenhar um papel ativo, de forma a reduzir a nossa pegada ecológica. E tudo pode começar por uma casa mais sustentável.