São umas atrás das outras. A agenda dos media está caótica nos dias de hoje; sinceramente, tenho pena dos jornalistas e repórteres que nem devem saber para onde se virar. No último mês tivemos todos direito a hotel com pensão completa: cheias por todo o país e a incapacidade do governo para as resolver, greve dos professores e a incapacidade do governo para as controlar, um Sistema Nacional de Saúde com condições cada vez piores e a incapacidade do governo para as melhorar, secretários de Estado a demitirem-se (como se de um estágio de verão se tratasse) e a incapacidade do governo de as prevenir, e a pobreza a aumentar cada vez mais e a incapacidade do governo de a reduzir. Parece-me que o único tema de que atualmente se fala onde o governo não é culpabilizado é da Shakira e do Piqué. Graças a Deus.
O governo socialista está à frente do nosso país há 30 anos (fora breves interrupções) e obteve maioria absoluta há menos de um. Quem é que votou nele? Eu certamente não fui, mas estou cá, por isso tenho de ver. 40% é obra, mas o empreiteiro não estava à altura.
Desde pequenos que nos é incutido o direito (e o dever!) de votar, e agora, anos depois, consigo finalmente pôr-me na posição de quem não vota, de quem prefere passar um domingo em família em vez de se dirigir à antiga escola para exercer o tal direito. Pensam eles: “Para quê?”.
O momento em que o PS conseguiu a maioria absoluta deveria ter representado um novo ciclo: o mais tranquilo e equilibrado de sempre. Fomos todos às urnas, assistimos todos a debates de 25 minutos entre os principais partidos, lemos planos eleitorais e o governo está tal e qual Lisboa em Dezembro: alagado e lamacento. A abstenção não pára de subir, e qual é o espanto? Qual é a esperança e o alento que a democracia dá a estas pessoas nos dias que correm? Há forma de confiar num sistema político que nunca esteve tão instável e anárquico?
A grande instituição que é o Governo está a tornar-se uma fachada, um jogo: o jogo da cadeira. É uma comparação triste mas necessária. O objetivo é aquecer a cadeira o máximo de tempo possível, suportando todos os problemas, escândalos e investigações. Mal a música mude, o detentor da cadeira levanta-se rapidamente e muda-se para outra que está vazia, à sua espera, no centro da Europa, com um waffle por cima.
Recentemente, Luís Marques Mendes proferiu a frase que desde já elejo como a frase do ano: “ser autarca hoje em dia já não é curriculum, é cadastro”. E tem toda a razão. Hoje em dia ser político já não significa servir um país, pensar no bem comum antes do próprio umbigo, seguir bons exemplos e aplicá-los, trata-se de um tacho de interesses para toda a árvore genealógica com fraudes e ações à mistura. E um questionário.