Não quero nunca perder a esperança no meu país, mas estão a dificultar-me a vida. Todos  sabemos que as sondagens valem o que valem, mas a este ponto temos que nos agarrar a  alguma coisa e aceitamos o que nos dão. A Netflix do mês está ótima: um bom entretenimento  com um extra de comentadores e jornalistas a dissertar sobre o que ocorrera. Bem sei que  muitos defendem o aumento do tempo de duração dos debates, mas, sejamos sinceros, nem  metade ia ver debates cuja duração superasse os 60 minutos. Acho ótimo que os partidos  discutam todos contra todos, dá-nos uma ideia do que são e do que defendem; porque votar  num partido não é só votar em ideias, é votar em pessoas e são essas as pessoas que temos de  ouvir.

Estamos sem perspetiva de ter uma casa, com salários cada vez mais baixos que não  acompanham o estilo de vida de país rico onde vivemos, por isso vemos os nossos amigos a  emigrar sem perspetivas de regresso. Filas de espera de horas à porta de hospitais, alunos sem  professores há meses, entre outras pastas não resolvidas nos últimos anos de PS.

O que mais se ouve nestes debates e entrevistas é que a um candidato a primeiro-ministro exige se transparência, coerência e preparação: não é isso a que temos vindo a assistir nos últimos  dias. Viagens de ida e volta nos argumentos e a CP está como está.

Sempre ouvi dizer que por trás de um grande homem está uma grande mulher, mas  ultimamente tenho aprendido que afinal está uma avó que vive na Avenida de Roma, uma mãe  que liga ao filho quando se aproxima a altura de pagar a renda e um filho menor que comparece em congressos e traz o amigo. Pergunto-me como é que em plena campanha eleitoral, políticos  (que já andam nisto há muito tempo) tropeçam nesta poça de lama que é expor a vida pessoal  sem acharem que isso lhes trará consequências. Surpreende-me particularmente que sejam os  partidos de esquerda a brincar às famílias quando são eles os que normalmente mais se  resguardam.

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O que me leva a outro tópico: o derradeiro debate entre o PS e AD. Frisando desde já o que Luís  Marques Mendes disse no seu habitual comentário de domingo, este debate não é nem foi  decisivo. Valeu o que valeu, ganhou quem ganhou, mas não me parece que Luís Montenegro  tenha perdido o que quer que fosse depois do dia 19 de Fevereiro. Quem vota AD, votará AD no  dia 10 de Março e não deixará de o fazer com base num debate: foi um de sete e ainda temos o  debate da turma toda. Os debates são para os indecisos: quem tem a certeza em quem vai votar  não muda de opinião depois de uma conversa de 25 minutos. Para mais, os indecisos normalmente escolhem nos dias antes e, com o andar da carruagem, ainda muito vai acontecer em duas semanas.

O voto é um direito, mas acima de tudo um dever. Votar em branco pode significar para muitos  querer deixar uma mensagem de que nenhum partido lhe serve, mas dessa forma nada irá  mudar.

De acordo com a Comissão Nacional de Eleições (Perguntas Frequentes: Votos em branco e  nulos | Comissão Nacional de Eleições (cne.pt)) “Os votos em branco, bem como os votos nulos,  não sendo votos validamente expressos, não têm influência no apuramento do número de votos  obtidos por cada candidatura e na sua conversão em mandatos.

Ainda que o número de votos em branco ou nulos seja maioritário, a eleição é válida e os  mandatos apurados tendo em conta os votos validamente expressos nas candidaturas”. Ou seja,  se 50% dos eleitores se abstiverem e 20% votarem em branco, são os 30% que vão decidir o  futuro de Portugal. Pode calhar que estes 30% sejam pessoas dependentes de subsídios que não pensem no crescimento da Economia, não tenham uma casa para pagar e não tenham interesse  em ter filhos nem em colocá-los numa escola possibilitando o seu crescimento. Não podemos  ficar nas mãos dos outros: mudemos isto.