Normalmente, quando as pessoas pensam em Relações Públicas (RP), imaginam campanhas publicitárias e de marketing. Embora estas ofereçam exposição, são baseadas em meios pagos. As relações públicas, por outro lado, concentram-se na comunicação social conquistada, aquela pela qual não se pode pagar. Na sua essência, é a comunicação estratégica que visa construir relações mutuamente benéficas entre uma organização e os seus stakeholders internos e externos. Historicamente, a prática das RP começou com modelos de comunicação única que consistiam na geração de publicidade ou simplesmente na divulgação de informação, exemplos dos quais ainda hoje podemos encontrar em resultados trimestrais e comunicados de imprensa. À medida que o conceito evoluiu, hoje em dia baseia-se na investigação (através de sondagens e inquéritos) e envolve-se em modelos de comunicação bidirecionais destinados a construir uma relação de cooperação com os seus stakeholders. Neste sentido, as RP servem como uma função de gestão que agiliza e alinha a missão e os valores de uma organização com a perceção do público.
Para além disso, também mantém e constrói uma reputação e credibilidade junto do seu público: clientes, parceiros, imprensa e público em geral. Os profissionais de RP utilizam diversas táticas para alcançar o seu público: meios de comunicação, eventos empresariais, redes sociais, relações com a comunidade, etc. Com que objetivo? Criar uma relação de confiança. Num mundo de excesso de informação, a confiança torna-se crucial para fidelizar os clientes, alargar o público-alvo e estabelecer uma relação colaborativa. O público de hoje exige autenticidade e transparência, especialmente porque a desinformação se difunde mais facilmente. Por esta razão, as organizações têm de ser proativas na abordagem das preocupações de forma rápida e ser claras ao reforçar os seus melhores atributos. Por outras palavras, as RP têm o poder de alterar a perceção pública e, por extensão, o comportamento público.
O exemplo mais notório pode ser observado na indústria do tabaco. Na década de 1920, a indústria tinha como alvo as mulheres durante o movimento de libertação, rotulando os cigarros como símbolos de emancipação e igualdade. Os anúncios chamavam-lhes “tochas da liberdade”. E funcionou. Para além disso, há muito que fumar era promovido como glamoroso e sofisticado, ao mesmo tempo que os seus riscos para a saúde eram minimizados. Embora hoje em dia estes riscos sejam bem conhecidos, a perceção sedutora associada ao tabagismo ainda se mantém nos dias de hoje.
Isto mostra o poder que as relações públicas têm e a responsabilidade que tem de se manter ética para com o seu público. Embora esta área tenha objetivos estratégicos a alcançar, tem de trabalhar para manter a honestidade, integridade e transparência.
O Observador associa-se aos Global ShapersLisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial, para, semanalmente, discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa. Ao longo dos próximos meses, irão partilhar com os leitores a visão para o futuro nacional e global, com base na sua experiência pessoal e profissional. O artigo representa, portanto, a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa.