O Serviço Nacional de Saúde tem aparentado sintomas de fadiga intensa e fragilidade funcional e organizativa a diversos níveis. Convém, todavia, lembrar que poucos países possuem um serviço como o nosso e o desejado SNS perfeito implicaria uma despesa provavelmente impossível de sustentar para um país de fracos recursos.

O papel da Ordem dos Médicos não é o de uma organização sindical ou de um bando corporativo de rebeldes vocacionados a criar problemas aos governos. A Ordem tem poderes delegados pelo Estado, poderes que, se executados adequadamente, a torna numa poderoso bastião da Ética, da Deontologia e da Qualidade, podendo ainda fornecer as melhores e mais isentas opiniões que ajudem a construir soluções.

Há uma coincidência temporal notável entre a esperada renovação do sistema nacional de saúde, e o processo eleitoral para bastonário da Ordem dos Médicos. Alguns de nós, por proximidade pessoal, precocidade da candidatura, ou identificação com objetivos explicitámos o nosso apoio a um dos candidatos de acordo com a leitura que fizemos, mas necessariamente a reflexão evolui e amadurece de forma dinâmica.

O conhecimento e consideração pessoal pelos candidatos (felizmente tenho um e outra por vários) não deve ser o fator determinante. A forma como as diversas propostas vão sendo apresentadas e desenvolvidas durante a campanha ajudarão todos a fazer a sua opção.

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Pessoalmente, valorizarei um conjunto de fatores, que enumero:

  1. A defesa dos melhores interesses dos doentes
  2. A visão acerca dum  Sistema que assegure o ponto anterior e que em especial assegure a universalidade mas também a equidade no acesso, e na continuidade dos cuidados em todos os níveis, obedecendo a princípios fundacionais de solidariedade mas também de subsidiariedade
  3. A visão acerca dum Sistema que assegure eficiência, tendo em conta a existência de recursos finitos, evitando o desperdício, a futilidade e a redundância
  4. A atitude de serviço e não de palco
  5. A humildade de construir pontes e não a clausura corporativa
  6. A integridade na defesa da qualidade, ética e deontologia médica
  7. A distinção entre defesa da dignidade da Profissão Médica e dos médicos enquanto Ordem, e uma postura sindical (legítima, mas a cargo dos sindicatos)
  8. A independência política e de lobbies
  9. A visão em relação aos modelos de formação e educação médica
  10. A visão em relação a uma carreira médica universal e não exclusiva dos funcionários do estado
  11. A visão em relação à acreditação das iniciativas formativas e reconhecimento de idoneidades
  12. A visão em relação á cooperação com as Sociedades Científicas e respetivas propostas de modelos concretos
  13. A visão sobre o diálogo com outras organizações representativas dos médicos ou de grupos de médicos.
  14. A visão sobre o diálogo com outras profissões na área da saúde
  15. A posição em relação a questões fraturantes relacionadas com a defesa da vida humana como o aborto e a eutanásia.
  16. A posição quanto à objeção de consciência

Cumprimento nesta ocasião o atual Bastonário, Dr. Miguel Guimarães, pela forma elevada e tenaz como tem exercido as suas funções.