Sebastião Bugalho foi a escolha da Aliança Democrática para cabeça de lista às eleições europeias do próximo dia 9 de junho. À boa maneira deste país à beira-mar plantado, a trupe comentadora logo se levantou contestando esta escolha.

Contestando a idade? A ausência de experiência profissional fora do mediatismo da comunicação social e do comentário político? A ausência de expertise para a função de eurodeputado?

Não, nada disso.

O coro de críticas a Sebastião Bugalho assentava, fundamentalmente, numa teoria em que, por ser comentador político e ao fazer esta passagem, sem qualquer período de nojo, Sebastião estava a cometer uma heresia contra a sacra pseudoindependência dos comentadores políticos. Tudo seguindo uma boa-má lógica portuguesa de que o que importa é parecer.

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Sebastião Bugalho sempre se afirmou como sendo alguém de direita. Desde o seu pensamento à sua ação como comentador. Afirmando-se como de direita, católico e conservador.

Aliás, em linha com tudo isto, chegou a ocupar o número 4 da lista do CDS-PP às eleições legislativas, pelo círculo eleitoral de Lisboa, em 2019. Pelo que o desconhecimento de que ele era alguém marcadamente de direita e com forte pensamento político, é digno de quem vive numa espécie de “Alice no país da Maravilhas”, ausente da realidade de Portugal em 2024.

Não faço a menor ideia se tem carteira como jornalista. Nem isso pouco importa para a questão do politicamente correto que o país tanto gosta de viver.

Pessoalmente, não gosto do estilo truculento, trauliteiro e arrogante que ele tem. Mas, eu gosto que existam os “Sebastiões” da vida. Desde logo, porque pensa pela sua cabeça. Não se fica por decorar frases solta, usar “jarrões” ou “soundbite” para lançar nas suas intervenções. Acresce que é um individuo estudioso e que gosta de se preparar para a discussão, ao contrário de muitos dos políticos desta era que acham que foram ungidos por uma mão sagrada e que todos os disparates que dizem podem tornar-se verdade. Pelo menos nas suas cabeças.

Sebastião tem um elevado nível intelectual e cultural, conhecendo a História política nacional, da direita e da esquerda, o que o coloca numa excelente posição para vencer os diversos debates que vai ter por estes dias. Até porque, Sebastião, mesmo como cabeça de lista da AD, continua a ser um homem livre.

Porque, poucas semanas antes de ser escolhido como nº 1 da AD, criticava o Governo e a Aliança Democrática. Aliás, como tantas vezes lançou críticas ao PSD ao longo dos seus últimos anos como comentador político. De forma descomplexada, mesmo sendo de direita.

Agora, é lançado às feras, que é como quem diz, decidiu aceitar expor-se politicamente como cabeça de lista a umas eleições europeias. Deixando o conforto dos estúdios, por ora de Carnaxide, para andar a fazer campanha por este Portugal fora.

De forma livre!