Uma panaceia de conformismo, estagnação e conservadorismo que permite que a mediocridade vingue em Portugal, assim é o silêncio dos inocentes por cá.

Quando nos questionamos: Como chegamos a este ponto? Um olhar por cima do ombro deveria ser suficiente. Sempre fomos um país em que a classe política tende sistematicamente em incorrer nos mesmos erros, tal como afastar pessoas de elevado potencial em detrimento de jogadas de bastidores, unanimismos bacocos e spins de alto gabarito, qual roleta de Monte Carlo.

O valor absoluto das pessoas é intrínseco e está à vista dos demais, daí que deveria ser uma questão de bom senso aferir as qualidades ou defeitos dos que nos representam, seja a nível político, empresarial ou organizacional. O ser humano tem essa capacidade de julgamento. É benéfico que utilizemos esta recorrentemente para que possamos expressar o seu resultado com os nossos pares de forma salutar contribuindo para o valor real de cada representante.

Com a manifestação das nossas posições fazemo-nos ouvir, e muitas vezes acaba-se com o controlo das narrativas, que nada mais é do que uma vontade incessante pela razão, até mesmo quando esta não se verifica. Jamais nos devemos esquecer que defender os nossos filhos é também possibilitar-lhes um país melhor, pois quando optamos por desistir de lutar e dar as mãos à abstenção, traçamos o seu futuro.

Inocentes de todas as formas e faixas etárias, são esses mesmos que sem conhecimento que o são, agem como se o fossem. Num país de ordenados mínimos, mas tributações máximas; num país onde a justiça é injusta para os menos afortunados que não conseguem ter acesso a esta; num país em que pela sua saúde o melhor é não ficar doente; num país em que o sonho é sair do país, é neste que os inocentes se podem insurgir a qualquer momento.

Se a classe política portuguesa é considerada de baixo valor, é porque pactuamos com a sua incompetência e negligência. Faltando ao escrutínio da mesma, remetemo-nos para o silêncio, para o conforto da falta de confronto, deixamo-nos adormecer no silêncio dos inocentes. As ruas não têm donos, os palcos para expressarmos a nossa opinião civilizadamente não podem ser condicionados enquanto vivermos numa democracia liberal, e isso todos deveríamos saber defender. A política de cancelamento leva inevitavelmente a que um dia chegue a nossa vez e quando essa chegar também ficaremos revoltados.

É do silêncio que se sustenta o status quo. É esse mesmo silêncio que serve como combustível para as manobras que surgem dia após dia diante dos nossos olhos. Quando a justiça tarda, façamos ouvir a nossa voz. A voz de quem não tolera mais observar todos os dias o mesmo truque básico de magia e que ambiciona por mais, muito mais para um país que já foi tanto! Que o silêncio não tarde em ser a voz ativa e audível dos inocentes.

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