Os tempos em que vivemos são complexos, pleno século XXI, Junho de 2022, será que temos a noção que deveríamos estar noutro patamar? Custa-me a crer, mas há uma habituação, um virar de costas à realidade, e vivemos num mundo cruel como se nada nos pudesse tocar. Mas na verdade acaba por tocar, falamos nos problemas e a única verdade seria tentar resolvê-los onde cada um daria o seu contributo, mas isso é descrito por Thomas More, na sua obra “Utopia”. Não faz parte de nós, teríamos que mudar para transformar um mundo virado para o próprio umbigo.

Hoje assinala-se o dia mundial do trabalho infantil, é o dia também (mais um) onde dezenas de crianças morrem à fome, é mais um dia em que muitas vão morrer vítimas de uma guerra, sem terem a mínima noção porque vieram ao mundo.

E sofrem. E faz-se silêncio por elas… Este silêncio é ensurdecedor na nossa consciência e deveria gritar a cada segundo.

Também Maquiavel, no seu livro a Metamorfose, expressa de uma forma tão lúcida a inquietude humana, a falta de vínculo pelo próximo, o descartar do ser humano quando já não é necessário à sociedade.

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Encontramo-nos “encravados” num mundo disléxico, bipolar onde impera uma lacuna de sentimentos verdadeiros e úteis.

A inteligência é incapaz de se juntar ao mundo dos sentimentos. E tudo deveria estar equilibrado numa balança, a tal que é o símbolo da Justiça.

Morre quem nos dá exemplos, Paula Rego. A sua obra é dedicada ao mundo, exprimia com o seu pincel a imagem da verdade. Os seus quadros repletos de mulheres trazem a realidade da fragilidade exposta aos olhos de todos. Custa olhar? Claro que sim.

Mas façamos algo. Todos temos esse poder.

Já Fernão Lopes, Escritor humanista português, nomeado cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418, escreveu diversos textos denominados de prosa historiográfica. Mais tarde Gil Vicente, dramaturgo português, considerado o Pai do Teatro Português, foi um dos principais dramaturgos humanistas. Destacou-se com sua produção literária associada ao teatro. Quem não estudou na escola o Auto da barca do inferno? Mas será que foi lido na altura certa? Não… Estou muito convicta que se o sistema educacional mudar e se as matérias forem adequadas às idades ideais muito mudaria.

Será que quando “bombardeamos” os miúdos com História, onde a guerra impera, pela conquista dos impérios não seria melhor juntá-la à Filosofia? Afinal Por volta do séc. V a. C., o filósofo ateniense Sócrates virou-se para as questões da ética, ao interrogar as pessoas nas ruas sobre o que é correto e incorreto, sobre a natureza do bem e noção de virtude. Por sua vez, Platão, escreveu diálogos sobre filosofia política, como o conceito de justiça e a melhor forma de governo, mas também sobre a própria noção de conhecimento. A filosofia faz-nos pensar, a essência de tudo o que nos rodeia.

É muito óbvio que as crianças, adolescentes, os nossos adultos de amanhã, agarram numa arma ou por palavras irrefletidas, como se fosse o pincel da Paula Rego, matam ou magoam os seus pares, por medo, desespero, revolta e mesmo depressão. Mas eles não são os culpados. Não lhes estamos a dar as verdadeiras “armas” para serem crianças e adolescentes que pensam, que refletem, que leem e que procuram a verdadeira essência da vida quotidiana. Os porquês não lhes são respondidos na altura certa.

Temos de estar atentos, as reformas deveriam ser feitas pelos governos e deverá começar na educação. Teria que haver uma mudança profunda e bem ponderada nas matérias e disciplinas. A educação é da responsabilidade dos progenitores, mas tentem perceber! Os miúdos chegam da escola já magoados, desinteressados e cansados. Já no fim de linha são levados a psicólogos e psiquiatras…

Estes serão os médicos, os advogados, os políticos e os professores de amanhã.

É este o mundo que lhes queremos dar? É assim que queremos que aprendam? Serão adultos com capacidade?

São as grandes perguntas. E tudo passa por aqui!