A conhecimento em Medicina tem evoluído a uma velocidade vertiginosa, permitindo desenvolver técnicas e medicamentos que trazem esperança aos doentes, no que diz respeito ao controlo das doenças, ao aumento da qualidade e da quantidade de vida.

A cirurgia minimamente invasiva ou a cirurgia robotizada, a radioterapia de intensidade modulada ou a radioterapia estereotáxica, a tomografia por emissão de positrões (PET-Scan) e a sua integração com a TAC ou a utilização de moléculas marcadas radioactivamente cada vez mais específicas para a doença em estudo, são exemplos de avanços técnicos impensáveis há uns anos atrás.

Em termos farmacológicos, um dos principais avanços, verificados no dealbar do século XXI, foi o desenvolvimento da medicina personalizada. Com o evoluir dos nossos conhecimentos sobre a etiopatogenia das doenças (oncológicas, neurodegenerativas, imunológicas), descobriram-se alvos a nível celular que, bloqueando-os, permite parar o desenvolvimento das doenças. Esta especificidade terapêutica veio disponibilizar um armamentário farmacológico que controla essas doenças de uma forma mais eficaz e com menos efeitos laterais.

Entretanto, assistiu-se a outra revolução, com o surgimento da terapia imunológica aplicada a uma diversidade de doenças, especialmente às oncológicas. Compreendeu-se a importância de alguns receptores, existentes nas membranas celulares das células tumorais, dos linfócitos T e das células apresentadoras de antigénios, e que, bloqueando-os, conseguia-se modelar a resposta imunológica do hospedeiro para que fosse aquela a combater a doença. Assim, tem-se vindo a conseguir tornar realmente algumas doenças com prognóstico muito sombrio em doenças crónicas. Nos próximos anos, e nesta área, vai-se assistir à implementação de um outro tratamento ainda mais revolucionário, a terapia com células CAR-T. Esta baseia-se na recolha de linfócitos T do doente, a partir de uma simples colheita de sangue, melhorá-los geneticamente, condicioná-los às características da doença e expandi-los no laboratório, e reinfundi-los no doente, para que estes possam combater eficazmente a doença e, eventualmente, vir a atingir a cura de algumas doenças.

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Num futuro mais longínquo, está a desenvolver-se uma nova terapêutica, a nanotecnologia. Esta, com a utilização de materiais extremamente pequenos, nanopartículas ou nanorobôs, permitirá a introdução de produtos a nível celular e combater directamente as células doentes.

O futuro é muito promissor, pelo que devemos manter a esperança.

Presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos