Antes, muito antes, é desporto. Simples. Desporto. Até a própria palavra é reconfortante e animadora: des-por-to. Passam-se uns anos valentes e lá vai o desporto prò galheiro. Passa a ser entretenimento. Publicidade e televisão mais televisão e publicidade. É a Liga dos Campeões com fase de grupos à Libertadores, à sul-americana. Agora é marketing, puro disparate, um hino ao non-sense. O desporto já lá vai e o sufixo campeões é só para enganar.

Basta ver o currículo dos últimos 20 anos: zero finais entre dois campeões nacionais, de facto. Repetimo-nos: zero. Há um ano, é entre o terceiro e o quarto classificados da Premier League. Ya, Tottenham vs Liverpool. E ganha o quarto classificado. Tal como em 2003, numa outra final entre dois clubes do mesmo país: Milan vs Juventus. E uma final entre campeões nacionais, arranja-se por aí? Temos de recuar até 1998.

Isso mesmo, mil-nove-e-noventa-e-oito. Há 22 anos. Vinte e dois é molto tempo. Demasiado. A tal final é entre Real Madrid e Juventus, resolvida com um golo de Mijatovic (1-0). Daí para cá, nunca mais. Nunca. Até hoje. Quero dizer, amanhã e depois. Se Paris SG e Bayern ganham a Red Bull Leipzig e Lyon, a final da Luz indica o regresso à normalidade. Caso contrário, chapeau – se for PSG vs Lyon, aí o francês justifica-se por completo (e inédito, já agora).

Se der Bayern vs Red Bull Leipzig, é a segunda final totalmente alemã, na sequência da de 2013 entre Bayern e Dortmund. Se der só Red Bull Leipzig, a Liga dos Campeões inscreve o segundo caso inacreditável de um clube com uma final europeia e zero títulos de campeão nacional — o primeiro exemplo, também alemão, é o do Bayer Leverkusen em 2002.

Que venha uma final Paris SG-Bayern para abrir um parêntesis da normalidade numa competição eternamente atípica

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