A União das Misericórdias extrapola há anos as razões da sua existência. Entendo a existência da União apenas numa lógica “sindical”, com uma estrutura leve que sirva de correia de transmissão da vontade das muitas misericórdias em assuntos que a todas interesse, como as negociações com o governo, por exemplo, e no apoio jurídico nas mesmas relações. Como o passar dos anos a União foi crescendo, possuindo, incompreensivelmente para mim, estruturas para idosos e deficientes (não está em causa a sua existência, mas no território onde estas foram implantadas existem misericórdias), estruturas de saúde e até uma agência de viagens, com o expressivo nome de “Turicórdia”.

Os encargos com pessoal são de mais de 8 milhões (!) o que mostra a dimensão do crescimento.

Ou seja, a União faz concorrência directa com as Misericórdias no terreno, tem empresas fora da lógica das Misericórdias, a pergunta é: porquê?

O carro do presidente sempre foi um topo de gama, um Lexus agora um Mercedes topo de gama. A generalidade das Misericórdias não tem carro para o provedor e quando se deslocam usam viaturas comuns, muitas vezes carros ditos “comerciais”.

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Um carro de 116.000 € não é só um escândalo, é a demonstração de que a instituição está hoje totalmente desligada do que é suposto ser uma Misericórdia.

Finalmente, uma lei (absurda, mas sed lex) determinou que os provedores não poderiam fazer mais de 3 mandatos consecutivos de 4 anos. Um total de 12. O actual presidente da União está no cargo há mais de 16 e quer recandidatar-se.

O artigo 20º dos Estatutos da União diz expressamente que o número de mandatos dos corpos gerentes e a sua duração são os que resultam da lei

Importa que a União não envergonhe as irmandades.