Depois dos resultados eleitorais que dão vitória contestada ao MPLA de João Lourenço, a UNITA viu-se obrigada a recuar numa intentona reivindicativa nas ruas e assumir o seu lugar no parlamento.
É de longe um dos resultados mais satisfatórios que a UNITA teve na sua história política, que garante não somente os 90 deputados na assembleia nacional, mas carrega consigo o estímulo da luta política e salvaguarda a reserva financeira do partido no longo prazo.
Com a liderança de Adalberto Costa Júnior, ACJ, no partido dos maninhos, todos vimos o florescer de uma UNITA rejuvenescida e pujante durante todo o processo eleitoral, que trouxe a ribalta nomes de jovens destemidos, capazes e bastante comprometidos com a causa do Galo Negro.
Mas o que nos trás aqui de facto é a realização do próximo Congresso da JURA, que estava inicialmente agendado para o final deste ano e que, segundo informações, será realizada entre o mês de Março ou Julho de 2023, mas já promete disputa ferrenha sobre quem vai representar a visão estratégica e política do líder ACJ ao braço juvenil da UNITA.
Agostinho Kamuango, actual Secretário Geral da JURA e agora deputado à assembleia nacional, está inelegível pelo factor idade e pelo esgotamento da sua imagem perante o assalto das estruturas juvenis pelos ativistas outsiders. Por sua vez, a actual Secretária Geral Adjunta e também deputada Ariane Nhany também se encontra indisponível para enfrentar o pleito que se mostra ser importante para a salvaguarda da linhagem directiva de ACJ.
Mas as bases já começaram a se movimentar em torno de uns e de outros quadros e dirigentes juvenis disponíveis para o pleito, que prometem aquecer a dinâmica política interna da UNITA. Entre os bastidores, vamos ouvindo nomes diversos mas apenas quatro têm dado a cara para o combate.
E muito mais do que nomes, as bases e a direcção do partido esperam um candidato jovem, ou seja, que cumpra com os preceitos de uma liderança juvenil abaixo dos 35 anos de idade, racional, mobilizador e com capacidade de cristalizar a imagem e visão da actual liderança da UNITA.
E entre os nomes mais sonantes, falemos de Domingos Palanga, António Marques, Mangango Jr e o Evaldo Evangelista.
O Domingos Palanga nos seus 33 anos, é o actual Secretário Provincial da JURA em Luanda, sindicalista da causa dos funcionários dos transportes públicos e foi eleito deputado pelo círculo provincial da capital. Parte em avanço perante os outros pela presença no epicentro da disputa política nacional, pela sua capacidade de mobilização urbana e por ter proximidade com a direcção actual da JURA, o que o coloca como o candidato da sucessão.
António Marques, já com mais de 35 anos de idade e com presença na Comissão Política do Partido, faz parte dos quadros que estão entre as bases e a direcção do partido, o que lhe permite trazer apoio directo durante o seu mandato. Tem proximidade e apoio de algum sector sénior do partido e parte com o apoio da direcção nacional das BMP (Brigadas de Mobilização Provinciais).
Mangango Jr, com 32 anos de idade, é o actual secretário da JURA no Huambo, reparte os seus activos entre dirigente político, mobilizador forte e um ativista político corajoso. Já se pronunciou sobre a sua candidatura antes mesmo das eleições gerais acontecerem e tem procurado estender e firmar alianças com lideranças juvenis de outras praças eleitorais como Bié, Huíla e Benguela.
E por fim temos o Evaldo Evangelista que, já caminhando para os 40 anos de idade, aparece como o preferido de alguns dos mais velhos no partido. Evaldo tem pouca aparição pública mas trabalha de forma discreta dentro dos bastidores. Diplomata júnior do Partido, bem instruído e articulado, promete apresentar-se como uma reserva moral e ideológica da JURA.
Além desses nomes já falados e badalados nos bastidores do braço juvenil da UNITA, temos ainda outros nomes que estimulam a competição interna da JURA e que, até ao momento, muito pouco se sabe se avançarão ou reforçarão algumas dessas possíveis candidaturas.
Referimos antes que a UNITA, durante a gestão de ACJ, tem catapultado muitos jovens para capitanearem o combate político e eleitoral, que de certa forma agregariam valor ao Congresso da JURA, como o Alfredo Mahula, as irmãs Irina e Ginga Savimbi, Juca Manjenje, Danilo Chilingutila, a Elvércia Chitunda, o Sávio Nhany, Amarildo Chiteculo, o Dr. Rosalon Pedro, Adolfo Damião, Lucy Lukamba, Edmilson Dallas e muitos outros dirigentes da JURA nacional.
Dos quadros dirigentes na diáspora, ouvimos pouca ou quase nenhuma movimentação, o que nos remete a acreditar que se resguardam da disputa nacional, excluindo desse pleito nomes como Edgar Kapapelo, Jonas Mulato, Deval e Dedalto Chiwale que, no seu entender, preferem apoiar candidaturas diferentes.
Ainda sem data marcada, o Congresso da JURA promete apresentar uma nova imagem e orientação das bases juvenis da UNITA durante os próximos anos.