Parece que transformaram o Pavilhão Rosa Mota num bar de pedir finos. A atleta foi trocada por meia dúzia de copos, provavelmente até de plástico, e por uma mão cheia de conveniências que não olharam a meios para atingirem os fins. O pão nosso de cada dia!
A homenagem que há muitos anos foi feita à atleta Rosa Mota foi, hoje, totalmente desconsiderada e desrespeitada. Pergunto-me onde estarão os limites daqueles que se esquecem que o maior dever é a defesa e o respeito por todos os que servem o país e por todos os que contribuem para o orgulho e para a honra nacional. A atleta deveria merecer por parte de todos os portugueses, especialmente por todos os portuenses, a compreensão da desconsideração de que foi alvo por parte da Câmara Municipal do Porto.
Enganam-se todos os que acham que é uma simples questão de pormenor. Tanto não é que representa uma falha gravíssima e que constitui um desrespeito grande por parte das autoridades políticas. O destaque dado à marca de bebidas alcoólicas em detrimento do dado à campeã olímpica é um bom exemplo daquilo que são as prioridades de quem nos governa.
A Câmara Municipal do Porto tem-se escudado com a obra de requalificação empreendida, menorizando o problema. A atitude da autarquia no reconhecimento do problema tem sido indescritível, tendo sido dito até pelo próprio presidente, Rui Moreira, na cerimónia de inauguração, que não deverá haver complexos por se ter associado o pavilhão a uma marca de bebidas alcoólicas. Mais triste ainda quando o justifica dizendo que antes de haver um Porto conhecido pelo desporto e pela cultura “já o era devido ao Vinho do Porto”. Já eu reconheço a grandeza da Cidade do Porto no respeito e na estima que tem pelos seus habitantes, pelas suas pessoas, por quem se dedica e trabalha por um bem maior. Julgo que não haverá Vinho do Porto algum que consiga competir com aquilo que é a integridade e o carácter de uma cidade.
Gostava de ver uma oposição forte que não se fica apenas pela não comparência na inauguração, mas que se afirma e que age contra uma medida que desrespeita e que fere quem tanto serve o nosso país.
O ex-presidente da Câmara Municipal do Porto e actual líder do PSD, Rui Rio, deverá também ter uma opinião sobre o assunto. Enquanto apoiante assumido de Rui Moreira, o que terá a dizer? Já o único vereador do PSD na Câmara Municipal do Porto foi para Lisboa e deveria utilizar o palco da Assembleia da República para se fazer ouvir num assunto que deveria ser de âmbito nacional.
Enquanto portuense não posso ficar indiferente a um assunto que é de todos e não posso deixar de manifestar aquilo em que acredito, a defesa pelo respeito, enquanto valor que deverá estar acima de qualquer obra empreendida e de qualquer patrocínio conseguido.