António Costa faz-se servir das melhores técnicas e habilidades na arte de contar uma história. Um verdadeiro profissional do storytelling.

Costa domina a técnica, conhece os truques, escolhe os enredos certos, constrói narrativas envolventes, faz-nos puxar do lencinho e, no fim, até aplaudir. Há anos que nos vende um país que não existe, uma realidade que não é a nossa, há anos que planta em nós a confusão, a dúvida, a ambiguidade e a fragilidade e que nos entretém com contas vindas de sei lá onde. Um verdadeiro engodo de quem não diz toda a verdade, de quem encobre o que lhe convém, de quem apenas conta o que lhe interessa. Mas fá-lo com conhecimento e perícia. Se dúvidas houvesse, olhe-se para a recompensa da maioria absoluta. Bem, se isto não é de aplaudir, então não sei o que será.

Somos um Portugal do faz de conta. Querem fazer de nós fantoches nas mãos de um Estado que nos quer cada vez mais dependentes. Querem fazer de nós cidadãos cada vez mais passivos e ingénuos. Querem-nos acorrentados à inação e ao vazio de ideias. É esta a história do Portugal que nos contam, porque é esta a história que abre portas e consolida o domínio e o monopólio socialista. Empenhadamente, dedicam-se à construção da melhor trama, garantindo que imprimem o ritmo certo à narrativa e que não há falta de emoção. No fundo, são as jogadas pouco inocentes a que já nos habituaram, mas que teimamos em não resistir. São tudo elementos imprescindíveis a ter em conta quando a missão é iludir o povo, levá-lo a conectar-se com as suas ideias e fazê-lo acreditar que está em boas mãos.

Diabolizam a direita e pintam-na de negro, embrulham a austeridade socialista para que ninguém dê por ela, propagam ilusões e encantam os pensionistas com a mesma mestria com que ludibriaram a esquerda durante o período da geringonça. Abafam escândalos e incompatibilidades e entretêm-nos com 125 euros. Para os socialistas, o retrato de um país onde reina uma administração pública profundamente ineficaz, envolta em escândalos, onde os amiguismos vencem e o mérito não fala mais alto não existe. Não existe também uma máquina pública que consome imensamente, nem serviços públicos que são miseráveis. Não existe desincentivo à iniciativa, nem uma perseguição às empresas e ao capital. Nada disto existe, porque a realidade das suas histórias é pura ficção.

2026 podia ser já amanhã, mas não é. Invade-me a sensação de uma eternidade exasperante quando se pensa no tempo que ainda teremos com este governo socialista e com esta maioria absoluta no parlamento. E o país, profundamente embalado nas suas histórias, a adiar-se continuamente.

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