Ao que parece, o Inverno vem aí. Não o meteorológico que esse, mais semana menos semana, chega sempre depois do Outono.

O Inverno que está para chegar é o da democracia, tal qual a conhecemos há quarenta e poucos anos. Pode parecer exagerado, mas esse é o problema: as pessoas não estão a perceber bem a armadilha em que caíram. É humano. As pessoas – normalmente – não acreditam no que vêem, mas vêem aquilo em que acreditam. É por isso que as vergonhas de Tancos, das golas, dos incêndios, do Siresp e dos familiares colocados em lugares governamentais, não afectam as sondagens.

Através de um aumento(zinho) dos rendimentos e de uma política – a prazo suicidária – de juros baixos por parte do BCE, permite-se, de novo, a inebriação de todo um povo, que voltou a gastar “à tripa forra”, batendo recordes de crédito ao consumo. De novo, e sem que alguém tenha a coragem de levantar a voz. É como convidar um alcoólico para uma festa onde só se servem bebidas com o dito teor elevado.

Com essa boda aos “pobres” e com o chamar para a cama dos alucinados do Bloco, dos pantomineiros do PAN e dos comunistas arteriosclerosados, o PS alcandorou-se ao poder e aí quer ficar.

E, porque tudo vale para se manter no poder e poder distribuir sinecuras, o PS convive bem com ideias estúpidas, de má fé, esotéricas, impraticáveis, sonsas, assim como outras que me abstenho de adjectivar. Exemplos:

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  1. A orientação sexual é uma construção da sociedade
  2. Limitações ao uso da palavra, impondo regras – parvas – de comunicação
  3. Desrespeito pelas forças de segurança
  4. Achincalhamento das forças militares
  5. Elevar o animalismo a algo normal
  6. Travar a iniciativa privada
  7. Dar ao Estado o poder de educar e não só o de ensinar

A lista podia continuar e os leitores saberão identificar quem defende o quê.

Ao que parece pelas sondagens que têm vindo a sair, o estado a que chegámos, será o estado em que vamos continuar. Será um estado de inverno das forças democráticas que defendem as liberdades individuais e não gostam das polícias de costumes. Sim, porque esse é um paradoxo dos bloquistas e quejandos: quanto mais se alvitram como progressistas e defensores das liberdades individuais, mais precisam do Estado e dos seus meios de coerção para impor as suas regras. É o mal de quem se entende como superior e mais inteligente do que os outros. As pessoas não lhes seguem os passos livremente.

Para travar esta frente fria, é necessário que alguém – por favor alguém! – saia do armário e afirme sem medo que é a favor de um Estado ausente da economia, mas forte no controle da actividade.

Uma alma que tenha a coragem de dizer que temos deputados a mais, mas que – os que ficarem – têm que ser substancialmente melhor remunerados.

Um “desbocado” que proponha que quem for acusado de corrupção, perde o seu lugar político de imediato (recuperando-o se vier a ser inocentado).

Um bravo que sublinhe que a tradição judaico-cristã de uma Nação, de um Povo, não se revoga por decreto. Pelo contrário, luta-se pela sua manutenção nos livros de história, no ensino público.

Um afoito que defenda a não continuação de bolsas e bolsinhas de poder, com sobreposição de competências – nas áreas que o Estado deve monopolizar – como é a situação existente entre Polícia (pública, judiciária, marítima, municipal, etc), Protecção Civil, Forças Armadas (+ GNR), Bombeiros (voluntários e sapadores), Inem, Sef, Asae e outros. É que, caso ainda não tenham percebido, esta horizontalização leva à desresponsabilização e, igualmente, ao aumento não justificado de funcionários.

Um valente que defenda a capitalização dos descontos para as reformas, tratando as pessoas como adultas e deixando ao seu livre arbítrio o quanto descontar e a quem (mantendo uma quota mínima e obrigatória para o bem comum).

Um corajoso que diga que temos funcionários públicos a mais e que a medida de reversão para as 35 horas foi um crime, cujas consequências se sentem todos os dias nos serviços e que custa milhões atrás de milhões. Sim, eu sei que existem serviços com falta de gente. No entanto, termos 683.469 funcionários públicos num total de 4.866.700 trabalhadores, é um verdadeiro despautério (dados Pordata, relativos a 2018). E o nº aumenta todos os anos desde 2015. Por este andar, mais dois anos e estamos ao nível pré-crise. Aliás, é interessante – e assustador – ouvir o PS afirmar continuamente que quer colocar isto, ou aquilo, nos valores anteriores à crise. Até parece que antes da dita, estava tudo bem e caiu-nos um meteoro em cima. Não foi nada disso. Muitos dos números do anteriormente, foram exactamente os responsáveis para o que nos veio a calhar em sorte! E que esse corajoso, tenha a coragem extra de dizer: quanto mais difícil é de despedir, mais difícil é de contratar.

Um mártir, que não se importe de ser imolado, por dizer que quanto maior for a presença do Estado nas relações humanas – económicas, sociais – maior é o nível de corrupção. É outro paradoxo que comunistas, socialistas e demais membros da banda, ainda não perceberam. A presença forte do Estado na economia, potencia a corrupção, ao invés de a conter/erradicar. O que a esquerda está a potenciar é o crony-capitalism (que não é a mesma coisa que capitalismo). Os crony-capitalists (que é o que mais temos no burgo) vive do apoio do Estado através de leis à medida, de regras especiais, de benefícios fiscais e de códigos tão complicados, que só quem pode pagar a um batalhão de advogados pode compreender. Obviamente, os vencedores – e também os derrotados – dos favores do Estado, tendem a influenciar a acção do mesmo, melhor dizendo, a corrompê-lo, a fim de manter/conseguir os seus bons augúrios.

Alguém por favor que aguente a porta e não deixe entrar esse frio gélido que aí vem.

Conselheiro Nacional do CDS-PP