A transformação digital tem vindo a ganhar cada vez mais expressão e relevância, principalmente no contexto de saúde pública que vivemos na atualidade.

A transformação digital é um conjunto de processos tecnológicos utilizados pelas empresas, permitindo que estas sejam mais ágeis, melhorem o seu desempenho e consequentemente obtenham melhores resultados.

Quando pensamos em transformação digital, a tendência é pensarmos em plataformas, mas este é um pensamento algo enviesado! Estas deverão ser consideradas as últimas etapas da economia digital… A transformação digital não implica apenas a tecnologia em si, mas também as pessoas e o conhecimento humano, devendo ser sempre a primeira aposta por parte das empresas.

Vivemos numa época em que o conhecimento é o nosso maior recurso.

A nível pessoal, lembro-me de ser muito avessa à tecnologia. Apesar de ter uma pós-gaduação, um mestrado e um MBA, foi só na minha segunda licenciatura em Gestão de Marketing que consegui entender a importância do digital e perceber o desenvolvimento desta “nova” área. A minha transformação digital começou no desejo de mudança e no investimento em aprendizagem constante.

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Não somos todos iguais e nem todas as pessoas estão dispostas a trabalhar numa área tão exigente como a tecnologia, em que tudo muda depressa demais e onde existe dentro de nós um sentimento de que temos sempre muito para aprender.

Até chegar onde estou hoje, à Wise Pirates, uma agência com dimensão e visão, passei por locais onde não me sentia valorizada, onde não me era permitido ter espaço para aprender, para errar ou para pôr em prática o que aprendia. A transformação exige pessoas resilientes e empresas com um mindset de investimento, com processos ágeis e não estanques. Valorizar os recursos humanos, investir na sua formação, dar autonomia, poder de agir, ter visão e colocar as pessoas em primeiro lugar é a verdadeira transformação digital.

As empresas precisam de evoluir tecnologicamente e para isso é necessário contratar mão-de-obra qualificada, ou fazer parcerias com agências e/ou freelancers com conhecimento e capacitação. As empresas que já estão no processo de transformação digital conseguem recrutar os melhores recursos independentemente da sua localização e a pandemia veio acelerar este processo. As empresas que não apostam nos seus recursos têm muitas dificuldades de retenção.

Muitas pessoas procuram-me para mentoria ou para formação, mas sinto muitas vezes que nem todas elas estão dispostas a fazer o que é preciso para evoluírem, procurando o prazer imediato e resultados instantâneos. Isso não existe em tecnologia!

Para as empresas, crescer e ganhar maturidade digital pode parecer fácil, mas não é. Um artigo da Forbes refere que 87% das empresas acredita que o digital vai revolucionar as indústrias mas, na realidade, apenas 44% estão preparadas para essa transformação. Um estudo da BCG, em parceria com a Google e com a NOVA, refere que “em 2019 o digital teve um impacto direto na economia portuguesa de cerca de 13 mil milhões de euros, representando 6% do PIB nacional”. Estamos a meio do caminho na escala de maturidade digital.

Cada vez mais as empresas devem estar em vários canais, e o omnicanal integra todos os canais de comunicação de uma empresa de forma a melhorar a experiência dos seus consumidores. Um grande volume de compras que acontecem offline, são fruto de muita pesquisa online (ROPO – research online, purchase offline). O marketing omnicanal fornece uma experiência de compra perfeita.

Vale muito a pena investir na transformação digital mas, como qualquer investimento, este é um processo que exige tempo, resiliência e persistência. “Fail fast, learn faster” é o mote que nos acompanha. O bom do digital é que nos permite errar rápido e assim corrigir rapidamente os nossos erros e com essa aprendizagem acelerar o processo de conhecimento e aumentar a receita.

Ao lado da minha insistência em querer saber cada vez mais, tenho tido a sorte de ter uma família que me apoia, de estar rodeada de profissionais fantásticos, ter trabalhado em alguns locais incríveis e estar atualmente numa empresa que investe fortemente nos recursos humanos… a verdade é que a sorte dá muito trabalho!

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõem o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.