E se eu disser que os activistas lgbt+ adoptaram as ideias de Hitler sobre propaganda?

Quem o afirmou, foi Eric Pollard, fundador da ACT-UP [AIDS Coalition to Unleash Power], que escreveu que mentir era uma tática utilizada pelos activistas homossexuais e fez referência ao Mein Kampf, livro de Adolf Hitler, como um modelo que ofereceu estratégias ao grupo:

«Ajudei a criar uma organização verdadeiramente fascista. Conspiramos para criar um grupo activista que […] poderia efectivamente explorar os meios de comunicação social para os seus próprios fins, e isso funcionaria secretamente e infringiria a lei impunemente […] aderimos a modos conscientemente subversivos, extraídos em grande parte do volumoso Mein Kampf, que alguns de nós estudámos como modelo de trabalho. (Eric Pollard, (Time to Give Up Fascist Tactics”, Letters to the Editor, Washington Blade, January 31, 1992).

E não é que funcionou? Hoje, poucos se atrevem a insurgir-se contra a declaração de que a homossexualidade é uma orientação sexual como qualquer outra, e os poucos que ainda o fazem são imediatamente insultados, cancelados e silenciados. Vencida a primeira batalha, a atenção dos grupos activistas volta-se agora para a imposição de uma vasta gama de identidades transgénero – a teoria Queer – afirmando que todas as “identidades de género” devem ser totalmente apoiadas pela sociedade. O transgenderismo é a mais recente “batalha pelos direitos humanos”. Há menos de uma década, pouquíssimas pessoas sabiam o que significava a palavra «transgénero». Hoje, expressar a «opinião errada» – de acordo com o cânones da religião Woke sobre o assunto – pode custar-lhe o seu negócio, o seu emprego ou ambos.

Com a Teoria Queer chegou também a moda dos pronomes. Recentemente, e muito bem, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou a lei que obrigava os professores, os funcionários da Escola e os alunos a tratarem os alunos que se identificassem como trans ou não-binários pelo pronome e pelo nome que escolhessem.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De facto, entre os aspectos mais perniciosos da distorção da linguagem está o facto de as pessoas serem obrigadas, se quiserem ser socialmente aceites, a participar em mentiras. Não se trata apenas da modulação da linguagem que ocorre ao longo do tempo, mas da destruição da própria ideia de que as palavras que usamos se referem a qualquer coisa real. Consideremos algumas acções estaduais e locais, ocorridas nos EUA, que punem aqueles que se recusam a usar os pronomes escolhidos por um indivíduo:

Em 2017, o governador da Califórnia, Jerry Brown, assinou uma lei que ameaça com pena de prisão os profissionais de saúde que se recusarem “deliberada e repetidamente” a usar os pronomes preferidos de um paciente. De acordo com as directrizes emitidas em 2015 pela Comissão de Direitos Humanos da cidade de Nova Iorque, os empregadores, senhorios e proprietários de empresas que utilizem intencionalmente o pronome errado com trabalhadores e inquilinos transgénero enfrentam multas que podem chegar aos 250 000 dólares. É um preço muito alto por dizer “ele” em vez de “ela” ou “ela” em vez de “ele”, ou mesmo “ele” ou “ela” em vez de “eles/elas”.

O que acontecerá à grande maioria dos cidadãos que têm uma opinião baseada na biologia de que os cromossomas determinam o seu sexo – masculino ou feminino? Ou àqueles que têm uma profunda convicção religiosa de que o sexo é biológico e binário – criação intencional de Deus?

Vão pagar 250 000 dólares por não acreditarem nos dogmas da religião Woke? Vão presos?

Em Dezembro de 2018, Peter Vlaming, professor de língua francesa num distrito escolar da Virgínia, foi despedido do seu emprego por se ter recusado a referir-se a um aluno transgénero pelos pronomes preferidos do aluno.
A crença cristã de Vlaming impediu-o de se curvar diante da noção de que o aluno, que tinha sido uma “ela” na sua turma no ano anterior, era agora um “ele”. Vlaming até estava disposto a usar o novo nome escolhido pelo aluno, embora evitasse usar quaisquer pronomes quando se referia a ele, mas isso não era suficiente para o distrito escolar; eles precisavam de o ouvir dizer os pronomes escolhidos pelo aluno.

E, convenhamos, não é preciso ser religioso para acreditar que uma pessoa nunca pode ser “eles”.

O mais incrível em toda esta sórdida história, é que há uma decisão do Supremo Tribunal dos EUA que diz claramente que o discurso forçado não é discurso livre.

No caso West Virginia State Board of Education v. Barnette (1943), o Supremo Tribunal defendeu o direito dos estudantes a recusarem-se a saudar a bandeira americana. O juiz Robert Jackson escreveu: «Se há alguma estrela fixa na nossa constelação constitucional, é a de que nenhum funcionário, alto ou baixo, é obrigado a prescrever o que deve ser ortodoxo em política, religião ou outras questões de opinião.» E, continuou Jackson, «o Estado não pode forçar as pessoas a dizerem coisas em que não acreditam.»

Mas, não é precisamente isso que está a acontecer?

Hoje, em pleno ano da graça de 2024, as políticas identitárias não ameaçam violar a percepção e o bom-senso dos cidadãos, obrigando-os a proferir com as suas bocas aquilo que os seus olhos não vêem e que elas não reconhecem como tal? E se eu decidir que a partir de agora as pessoas só poderão dirigir-se a mim com os adjectivos: maravilhosa, rainha, belíssima? Se eu me auto-determinar maravilhosa, rainha, belíssima, elas serão obrigadas a obedecer-me e a confessar com a sua boca a minha ilusão?

Na maior parte dos contextos, creio que não teria qualquer problema em dirigir-me aos outros da forma que eles escolhessem, e estou certa de que a maioria dos portugueses pensa o mesmo. Mas, a proteção da liberdade de expressão prevista na Constituição da República Portuguesa não começa nem acaba nas boas maneiras.

Se o Estado pode violar a CRP e obrigar-nos a utilizar determinadas palavras, pode obrigar todos os que divergem a ficar calados e a repetir crenças que não professamos.

Em 2018, o Distrito Escolar do Condado de Fairfax, na Virgínia, retirou a expressão «sexo biológico» do seu currículo e substituiu-a pela expressão «sexo atribuído à nascença».
É assim que a esquerda legisla sob o conceito de sexo biológico sem nunca ter de argumentar. Sem nunca ter de convencer ninguém com argumentos científicos e biológicos. O que a esquerda está a fazer é a tentar convencer-nos de que o «sexo atribuído à nascença» é tão trivial e maleável como o «nome atribuído à nascença» – como se um médico tivesse escolhido o nosso sexo arbitrariamente no dia em que nascemos.

Por cá, no site da RTP Ensina, por exemplo, já encontramos essa ideologia: «Entre o feminino e o masculino existe um universo de pessoas que não se identificam com o sexo registado à nascença.» «A transexualidade é um estado de identidade de género no qual uma pessoa não se identifica com a tipificação sexual atribuída à nascença.».
O movimento transgénero, ao contrário do que apregoa, não procura promover a compaixão por aqueles que lutam com a sua identidade sexual. O que o movimento trans procura, é usar o poder estatal para regular as nossas perspectivas, ordenando que ignoremos a biologia e o senso comum e nos rendamos à ideologia do género. Devemos resistir-lhe.

Esta não é uma questão sem importância. A Constituição da República Portuguesa garante a liberdade de expressão para que TODAS as questões políticas possam ser discutidas na praça pública. Mas, a esquerda activista não quer que esse debate aconteça. Quer, isso sim, forçar a adopção das suas ideologias antes haver qualquer discussão. Impor e forçar o discurso é a tática que escolheu. É inconstitucional. É antidemocrática. E é errada.

Se os activistas do género prevalecerem, poderemos ficar com um mundo que não reconhecemos e do qual não gostamos e não seremos capazes de comunicar o nosso descontentamento, pois teremos perdido o significado das palavras.