Um dos maiores inimigos da felicidade, do sucesso e da evolução é a nossa zona de conforto.
Mas não é mau, e até é bom estarmos na nossa zona de conforto, sentimo-nos confortáveis com o que fazemos, com o que temos, com o que somos. Mas, na nela nunca crescemos, nunca sentimos o extraordinário, sendo que o ordinário e corrente são suficientes.
Existem pessoas para as quais a zona de conforto é suficiente. São as pessoas que não se apaixonam pela vida. Simplesmente sobrevivem. E viver com paixão, o trabalho, os filhos, o amor, os amigos, a espiritualidade, o mar, o jardim, o livro, a música ou até mesmo um filme é viver fora da nossa zona de conforto. É arriscar ir mais além, é querer sentir um pouco mais, é querer fazer a diferença. É sentir!
Sair da zona de conforto é difícil, muito difícil mesmo, temos medo de falhar, de sofrer, de até achar que o que somos ou temos é suficiente, mesmo sabendo que merecemos mais, ou até teríamos capacidade para mais…e esquecemo-nos de que quando éramos miúdos, quando a nossa zona de conforto não existia e o que tínhamos de mais seguro e confortável era só o colo dos nossos pais ou o regaço da nossa avó. Em miúdos saíamos da nossa zona de conforto todos os dias…fosse para aprender a andar de bicicleta, entrar numa luta, ou mais tarde, metermos conversa com a miúda que nos fazia sonhar, ou até mesmo, no caso delas, enfrentar rapazes atrevidos. Isso e trabalhar para comprar umas botas ou uns ténis da moda, sabendo que se não as tivéssemos não andaríamos descalços.
As zonas de conforto são boas…mas não nos fazem crescer.
Crescemos quando arriscamos. Quando começamos a andar, a falar, a cantar, a amar, quando começamos efectivamente a viver. E nessas alturas também sofremos…mas a felicidade, essa também será excepcional e muito mais real.
Os miúdos crescem assim. Numa experimentação constante…nós quando crescemos deixamos de dar tanto valor às emoções, aos sonhos, ao sentir. Passamos a valorar mais o previsível, o constante.
Nestas eleições a zona de conforto é o que temos. A zona de conforto para muitos é ser a abstenção. Para outros é o votar sempre nos mesmos esperando que façam diferente. Para outros é chegar lá e marcar uma cruz ao calhas, ou até mesmo votar em branco.
Justiça seja feita para justificar o ponto onde nos colocaram, pois temos de reconhecer que os políticos de hoje não nos dizem nem oferecem nada de novo. Da direita à esquerda, ninguém consegue ser construtivo. A ideia dos outros é má porque é dos outros. As nossas são sempre melhores. Vivemos numa época de cegueira ideológica. Perdeu-se a tolerância para com as (boas) ideias do próximo. E a única oportunidade que os partidos têm é desperdiçada em debates que parecem um jogo de futebol, e quando é entre os mais populares, um autêntico derby. O problema dos debates tornou-se esse mesmo. Falam para o espetáculo, falam dentro da sua zona de conforto e não fazem diferente e preocupam-se mais em denegrir o adversário do que ser construtivo.
O PS preocupa-se em atacar a credibilidade dos lideres do PSD e do CHEGA.
A AD genericamente passa a vida a apontar as asneiras do líder do PS…e como são muitas…tem muito que apontar…e não tem sabido sair disso.
O CHEGA vai a todas, sem ir a nenhuma. Daria até resposta às necessidades dos astronautas portugueses, pois se eles reivindicassem um vaivém, um vaivém teria como proposta eleitoral.
O PCP não muda de cassete, sendo que já ninguém usa gravadores para ouvir o que dizem…e ainda para mais, a cassete parece que enrola nos poucos gravadores que existem.
Para o BE, o problema está na iniciativa privada que parece só ter defeitos, sobretudo porque o ser empresário é a mesma coisa que ter lepra, e não sabem sair desse registo.
Para a IL o problema é o Estado, que devia ser eliminado da equação produtiva, esquecendo-se de que o papel do Estado vai muito para além do que tem feito.
O PAN e o Livre falam para nichos que nunca o deixarão de ser. A simpatia pelos animais do PAN é directamente proporcional à empatia do Livre em relação à História do Burundi.
Seria importante os partidos saírem da sua zona de conforto. Deviam mostrar ao que vão.
O PS devia mostrar o porquê de dizer que vai fazer diferente, com as mesmas ideias e as mesmas pessoas. É um desafio que será difícil. Os portugueses estão demasiados descrentes, pelo que se vê por um SNS sem saúde, ou pelo que se vive em escolas que não têm aulas, ou pelo descontentamento que sentimos nas ruas por todos aqueles que as deviam tornar seguras.
A AD pode e deve fazer a diferença. Esteve perto dos portugueses com a dinâmica do PSD no Sentir Portugal. O seu Centro de Estudos Nacional e o Movimento Acreditar liderados pelo Pedro Duarte e pelo Pedro Reis, respectivamente, construíram um programa com os portugueses e a pensar nos portugueses. Tem por isso a obrigação de fazer mais e melhor do que tem feito. Tem a obrigação de passar a mensagem. Tem de saber devolver a esperança aos portugueses e de saber ser fiel depositário dessa responsabilidade. Ninguém perdoará ao PSD se, depois de ter a confiança dos portugueses, não souber sair da zona de conforto do “rame-rame” da politica, se não souber responder com politicas eficazes que devolvam a Portugal a esperança e a vontade em sermos cada vez mais fortes como nação.
Uma certeza tenho, quando saímos da zona de conforto, muitos nos vão questionar, tentar até limitar, mas muitas vezes a zona de conforto é-nos só criada para nos manterem sobre a égide daqueles que julgam ser os donos dos nossas acções, do nosso trabalho, do nosso sentir.
Nós somos e seremos sempre os donos dos nossos sonhos, dos nossos destinos, da nossa esperança.
A zona de conforto é boa, mas para quem merece tudo, a zona de conforto é o mínimo.