Na primeira edição do Primavera Sound Porto (2012), era normal andar pelo recinto e ouvir falar espanhol, inglês, alemão e francês com tanta ou maior frequência que a língua de Camões. O ano passado houve mais portugueses no festival, e para este ano espera-se que um terço dos 60 ou 70 mil espetadores sejam estrangeiros. Ou seja, 20 mil pessoas que esgotam a capacidade hoteleira da cidade. A Câmara do Porto adianta 220 mil euros para apoio logístico, mas o presidente Rui Moreira afirma que o retorno cultural e financeiro para a cidade compensa largamente o investimento.
Este evento, que chegou ao Porto através da colaboração de promotores portugueses e dos organizadores espanhóis, traz à cidade muitos estrangeiros que procuram a inquestionável qualidade do cartaz, mas também são atraídos pelo peso da “marca” Primavera Sound – um festival catalão que começou há treze anos nos arredores da cidade de Barcelona, tempo mais que suficiente para conquistar o merecido lugar no roteiro dos melhores festivais de música da Europa, com ênfase no género alternativo. O congénere do Porto segue a mesma linha (e alinhamento) musical, mas a uma escala mais reduzida. Enquanto este ano foram montados 6 palcos exteriores e um auditório no Parc del Fòrum em Espanha, no Porto o evento é redimensionado para 4 palcos. Alguns dos que já estiveram nos dois festivais dizem que preferem o português, quer pelo local propriamente dito (o Parque da Cidade), mas também porque é mais fácil acompanhar os vários espetáculos – o recinto espanhol é tão grande e são tantos os palcos que acaba por se tornar muito cansativo, além de ser impossível assistir a todos os concertos.
E, de facto, o Parque da Cidade no Porto, junto ao mar, oferece uma beleza natural invejável. Mas também frio e vento, e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê chuva para os próximos dias. Não se esqueça por isso de trazer roupa e calçado quente e impermeável.
Mas vamos esperar que a música nos faça esquecer o mau tempo. O alinhamento do festival português traz ao Porto muitos dos nomes que passaram pela edição catalã, e a avaliar pelos comentários de quem lá esteve, vamos assistir a grandes espetáculos.
Esta noite atuam os texanos Spoon, a “l’enfant terrible” Sky Ferreira e o clássico Caetano Veloso, as manas Haim e o rapper Kendrick Lamar.
Na sexta feira, regressam os Pixies e a folk dos Midlake, o rock alternativo das Warpaint, dos Slowdive, Goodspeed You! Black Emperor e Mogwai, e a eletrónica de Anders Trentemøller e Todd Terje.
Sábado é o dia dos The National, mas sublinhamos também os You Can’t Win, Charlie Brown logo a abrir, a folk dos Neutral Milk Hotel, John Grant, as Dum Dum Girls e St. Vincent, a eletrónica esquizofrénica dos !!! (chk chk chk) e a doce e etérea Glasser.
Mas são muitos mais os artistas e bandas por descobrir nesta terceira edição do NOS Primavera Sound. E para os mais resistentes há ainda as after hours no Hard Club, das 6 às 11 da manhã (dias 6 e 7). Durante todo o festival vamos estar em permanência no Twitter com a etiqueta #ObsFEST. Siga-nos, e partilhe connosco as suas observações.