A Guiné Equatorial foi aceite por consenso como membro de pleno direito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sem que tenha havido uma votação, disseram fontes das delegações de Portugal e do Brasil, nesta quarta feira.
Fonte da delegação portuguesa disse aos jornalistas portugueses que “houve um consenso generalizado” favorável à entrada da Guiné Equatorial, mas também um “debate intenso”, suscitado por Portugal, na sequência do qual ficou combinado que o Presidente deste novo membro da CPLP, Teodoro Obiang, deve explicar os passos já dados e previstos para cumprir as condições de adesão.
Por sua vez, fonte da delegação brasileira, questionada pela Lusa, afirmou que os Estados-membros da CPLP “decidiram incorporar” a Guiné Equatorial, não tendo havido uma votação, mas “uma formação de uma opinião geral”, que envolveu um debate: “As pessoas discutem, colocam os seus problemas, as suas visões”.
Falsa partida
A República da Guiné Equatorial anunciou na terça-feira que já era um membro com “plenos direitos” da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Tudo está confirmado”, lê-se até no texto publicado no site oficial do governo da nação africana, onde consta também que os membros da comunidade “decidiram, por consenso, atribuir o estatuto de membro permanente” à Guiné Equatorial.
Oficialmente, a votação da proposta de adesão do país africano apenas se realizaria na quarta-feira, em Dili, capital timorense onde se realizará a X Cimeira da organização. No final da primeira sessão, Obiang disse estar “satisfeito”, com uma pronúncia marcadamente espanhola.
O texto foi escrito em francês que, a par do castelhano, é uma das línguas oficiais do país africano. Nele, o governo da Guiné Equatorial refere também que, na quarta-feira, se concretizará um “evento marcante na história do povo” da nação africana — o português “tornar-se-á na terceira língua oficial” do país.
Isto quando uma das condições para qualquer nação aderir à CPLP como membro permanente é ter o português como um dos idiomas oficiais. Na página onde foi publicado o anúncio, aliás, existe a possibilidade de traduzir o texto: mas apenas para castelhano ou inglês.
Desde 2006 que a Guiné Equatorial é apenas um membro observador da comunidade, juntamente com o Senegal e a Ilha Maurício – ou seja, os únicos países sem o português como a ou uma das línguas oficiais.
Em junho de 2010, a Guiné Equatorial tinha já requerido a adesão como membro permanente.
De acordo com a Agência Lusa, no final da primeira sessão, o Presidente equato-guineense foi questionado pelos jornalistas sobre se estava satisfeito com a entrada na CPLP, ao que respondeu apenas “sim”, palavra que repetiu várias vezes, acrescentando depois: “Satisfeito”, com uma pronúncia marcadamente espanhola.
Notícia atualizada quarta-feira, às 07h00, com as declarações de Obiang.