O dirigente do PS Eurico Brilhante Dias comentou no Facebook a detenção de Ricardo Salgado, o ex-presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), lançando uma interrogação. “Quem sabe sabe e o Ricardo sabe. E se ele conta o que sabe? E o que saberá?”, questionou o porta-voz do secretariado nacional do Partido Socialista.

Eurico Dias prossegue: “22 anos é muito tempo. 30 anos depois das reprivatizações acomodadas com fundos comunitários. Estradas, casas e cimenteiras. Bancos e imobiliário. De Miami às Ilhas Caimão”.

O socialista aproveita este caso ainda para fazer uma ligação à luta interna no PS e a um dos slogans de campanha de António José Seguro, o da separação entre política e negócios. “E ainda duvidam da agenda de separação dos negócios e da política? Estamos à espera que o regime caia de podre? A seguir vem a fragmentação e depois a ingovernabilidade. E depois não sei; ou não me atrevo a dizer. É também por isso que era importante que Seguro ganhasse. Um pouco de meritocracia e da vitória do trabalho sobre a pequena questão pessoal é importante”, escreveu.

Os comentários não se fizeram esperar. Alguns questionaram o porquê de António José Seguro ter sido chamado à conversa, outros aproveitaram o facto de Eurico ter falado na “separação dos negócios e da política” para colocar algumas questões ao dirigente socialista, relacionadas com nomes dentro do PS que, no entender dos utilizadores, não respeitam essa separação. O nome comum a alguns comentários foi o de João Cordeiro, antigo presidente da Associação Nacional de Farmácias (deixou o cargo em 2013) e candidato à Câmara de Cascais nas eleições autárquicas de 2013.

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Eurico Dias respondeu: “Quanto ao [João] Cordeiro, foi depois de sair da Associação Nacional de Farmácias. E devo dizer que os vereadores do PS em Cascais têm demonstrado com clareza o que é separação de negócios e política. O que não podemos é ter sempre pé nos dois lados. A agenda é esta; e é por isso Seguro fala nela. Alguns dos nossos preferem fugir à questão… Mas nós continuaremos a insistir. É uma agenda que causa incómodos a muita gente”, escreveu.

Ricardo Salgado foi detido para interrogatório na quinta-feira, tendo saído com uma caução de 3 milhões de euros e suspeito de quatro crimes:  burla, abuso de confiança, falsificação e lavagem de capitais.

Na quinta-feira, houve alguns políticos a comentar a detenção, estranhando o facto de esta só ter acontecido depois de o banqueiro ter deixado o cargo de presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), como foi o caso de Francisco Louçã (BE) ou José Eduardo Martins (PSD).

Esta sexta-feira, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, recusou comentar a detenção.