O ministro da Economia classificou esta quarta-feira de inexplicáveis os acontecimentos relativos ao BES e PT e admitiu que a situação teve repercussões na reputação do país, mas espera que sentimento positivo sobre economia portuguesa acabe por prevalecer.

A atual situação do mercado de capitais português, com a bolsa a registar perdas, “espelha, do meu ponto de vista, a grande desilusão com a situação do BES e também aquilo que é a desfaçatez verificada na PT [Portugal Telecom]”, disse à agência Lusa o ministro da Economia, António Pires de Lima.

“Os investidores, naturalmente depois de terem percebido ao longo dos últimos meses a evolução do caso do BES e terem verificado as atitudes que se verificaram ao nível da administração da PT, reagem negativamente. Penso que têm de fazer a digestão de tudo aquilo que se passou”, acrescentou o governante.

Questionado sobre se receia que a “digestão” dos acontecimentos demore tempo, Pires de Lima foi perentório: “Os receios dos investidores estão lá, por isso é que os mercados caíram, porque houve, de facto, acontecimentos relevantes em Portugal, ao nível do BES como ao nível do comportamento da administração da PT que são inexplicáveis para qualquer investidor, nomeadamente investidores estrangeiros que investiram em Portugal e no mercado de capitais português convencidos que o mercado português não viveria situações como estas”.

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Para o governante, estas situações “são completamente atípicas e, acima de tudo, inexplicáveis”.

Pires de Lima garantiu que está a seguir “com muita atenção o que se está a passar nos mercados”, mas apontou que também é necessário esperar pela evolução dos dados económicos, destacando o “facto da taxa de desemprego continuar a cair” e de ter baixado “pela primeira vez do nível de 14%”.

“Esperamos também que os dados económicos que se deverão conhecer na próxima semana, relativamente ao segundo trimestre, sejam positivos”, acrescentou.

António Pires de Lima disse não ter cronograma para saber quando é que o impacto da crise do BES será amenizado nos mercados.

“Mas ultrapassado este tema, espero que os investidores saibam fazer a destrinça, distingam aquilo que é essencial, nomeadamente a evolução que a economia portuguesa continua a demonstrar e possam regressar ao mercado de investimento em Portugal”, afirmou.

“Os fundamentais da economia portuguesa são positivos desde há muitos meses, espera-se que continuem a sê-lo e o mercado de capitais, neste momento, apresenta um desconto importante relativamente a outros mercados de capitais, nomeadamente no sul da Europa, e por isso as oportunidades de valorização, ultrapassada esta fase mais complexa, que eu entendo de digestão de todas as notícias, serão grandes”, disse.

“Espero que, no final, este sentimento positivo relativamente a Portugal e à economia portuguesa acabe por prevalecer relativamente ao epílogo destes casos que marcaram a vida económica e financeira de Portugal no último mês”.

Para Pires de Lima, “é indiscutível” que a crise no BES e o impacto na PT por causa do papel comercial na Rioforte “tiveram repercussões a nível de imagem e de reputação que estão neste momento a afetar negativamente a evolução do mercado de capitais”.

Sobre o facto dos investidores que foram ao aumento de capital do BES serem afetados pelo fim da instituição, que fica dividida entre Novo Banco e ‘banco mau’, António Pires de Lima afirmou que “a solução que acabou por ser adotada pelas autoridades de supervisão e regulação em Portugal era inevitável”.

“Creio que foi a mais aceitável do ponto de vista de interesse público, do ponto de vista do esforço dos contribuintes, mas no final, é óbvio que tanto os investidores do BES como, a outra escala, os investidores da PT foram fortemente afetados com um desenlace de um caso e de outro”, com impacto não só nos pequenos acionistas, como em institucionais e internacionais.