António José Seguro, líder do Partido Socialista (PS), garante que não vai aumentar os impostos caso seja eleito primeiro-ministro. “Não vou aumentar nem o IRS, nem o IVA e o IRC será mantido na próxima legislatura de acordo com a reforma que foi feita”, disse o líder do PS em entrevista ao Diário Económico. Pode ter de fazer ajustes no IVA de forma a tornar o imposto mais justo e coerente, mas não pode garantir que vai baixar os impostos. “Não faço promessas dessas. Prefiro jogar pelo seguro.” Promete, no entanto, que vai lutar para recuperar o rendimento dos portugueses.
Durante a entrevista, o líder do PS reforçou que não aceita discutir com o Governo agora, a um ano das eleições legislativas, assuntos que deveriam ter sido discutidos, alega, no início da legislatura há três anos. “Os compromissos ou as grandes coligações fazem-se no início das legislaturas. Não é a meio e muito menos no final.” Em causa estão as declarações do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, durante a festa do Pontal, sugerindo que se trabalhe uma proposta comum sobre a reforma da Segurança Social.
Embora defenda em tese os acordos políticos, António José Seguro não aceita ser chamado para um entendimento quando nem sequer conhece os pontos de discussão do mesmo. Caso chegue ao Governo, Seguro aceita a possibilidade de coligação com quem esteja de acordo com o projeto do PS, mas rejeita os “partidos que queiram desmantelar o Estado social, prosseguir planos de privatização da RTP, da Caixa Geral de Depósitos, das Águas de Portugal”. Defende também que os acordos se podem realizar por áreas setoriais, com acordos com uns partidos numas e com outros partidos noutras.
Independentemente de que coligação venha a formar, António José Seguro diz saber que não será possível resolver todos os problemas do país num par de anos ou mesmo durante o período de uma legislatura. “Só um doido varrido ou um irresponsável é que pode dizer que resolve os problemas todos do país num ano, em dois, três ou numa legislatura.” A despesa e a receita têm de ser equilibradas, mas não da maneira que o Governo escolheu fazer – de cada vez que baixava a despesa afetava a economia e as receitas baixavam também, justifica o secretário-geral do PS.
Diminuir as despesas e aumentar as receitas passa, em parte, por aumentar a produção nacional e diminuir as importações. O líder do PS diz que, com os 20 mil milhões de euros que vão chegar dos fundos comunitários, é possível criar um banco de fomento, à semelhança do que a França fez depois da I Guerra Mundial e a Alemanha depois da II Guerra Mundial. E diz que se deve “transformar a subsidiação a fundo perdido em empréstimos a taxas de juro baixas para projetos com uma mais-valia pública e de interesse geral.”