O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, lamentou que a conversa privada que teve com o Presidente da Rússia tenha sido divulgada parcialmente, de forma “distorcida” e “fora do contexto”, disse esta quinta-feira na cimeira da NATO, no País de Gales.

“No seguimento de vários contactos que tenho tido com o presidente Putin, mas também com o presidente Poroshenko, informei os meus colegas do Conselho Europeu dessa conversa e houve uma parte da conversa que foi citada publicamente mas distorcida e completamente fora do contexto”, declarou Barroso aos jornalistas portugueses presentes na cimeira da NATO. Durão Barroso deu depois a mesma explicação em direto à CNN.

O ainda presidente da Comissão Europeia referia-se a revelações do jornal italiano La Repubblica, que afirmou que Putin terá dito a Barroso durante uma conversa telefónica “que podia tomar Kiev em duas semanas se quisesse”, declaração que Barroso partilhou no Conselho Europeu tido na semana passada.

Esta quarta-feira, o embaixador da Rússia em Bruxelas, Vladimir Chizhov, ameaçou divulgar a conversa “na sua totalidade”, caso os esclarecimentos por parte das autoridades europeias não fossem feitos até quinta-feira. E eles chegaram.

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“Não é bom quando conversas confidenciais são parcialmente citadas e ainda por cima parcialmente deturpadas”, disse hoje Durão Barroso no primeiro de dois dias de trabalhos da cimeira da NATO.

Europa procura solução de paz para a Ucrânia

O português reiterou a necessidade de se encontrar uma “solução política” para a crise na Ucrânia, tendo dito que nos contactos com os presidentes da Rússia e Ucrânia tem “em nome da União Europeia” procurado que “haja um esforço para a paz”.

Sobre o eventual sucesso de um plano de paz para a zona, Barroso diz ser ainda “muito cedo “para dizer se vai funcionar ou não, mas deixou um alerta: “Já vimos num passado recente que às vezes as declarações não são seguidas de efeitos práticos. Mas vamos esperar”, sublinhou.

O Presidente ucraniano afirmou já que será assinado na sexta-feira um plano de cessar-fogo para terminar o conflito com os separatistas pró-russos no leste e que a NATO está disponível para apoiar militarmente a Ucrânia.

“Amanhã [sexta-feira] será assinado em Minsk um documento que prevê a introdução gradual do plano de paz para a Ucrânia”, afirmou Poroshenko à margem da cimeira da NATO.

Petro Poroshenko, que se reuniu com os líderes dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e França, afirmou que “é muito importante” que o primeiro passo num plano de paz garanta um cessar-fogo.

O conflito no leste da Ucrânia, entre as tropas de Kiev e separatistas pró-russos, causou perto de 2.600 desde meados de abril e centenas de milhares de refugiados e deslocados.